OFÍCIO
DIVINO DOS MÁRTIRES DA CAMINHADA LATINO-AMERICANA
ELABORAÇÃO
Emerson
Sbardelotti
REVISÃO
Ana
Maria Silva Lemos
Emerson
Sbardelotti
ARTE
Maximino
Cerezo Barredo
APRESENTAÇÃO
Às vezes
tenho a sensação de que estou vivendo de gorjeta, porque escapei da morte
muitas vezes e, talvez, porque João Bosco tenha morrido em meu lugar. Diante
destas situações, diante das ameaças de morte, estou tranquilo, porque, afinal
de contas, estou rodeado de muita gente que também está ameaçada. Dizem nossos
teólogos da Libertação que o contrário da
fé não é a dúvida, mas o medo. O perigo é ter medo do medo.
D.
Pedro Casaldáliga
Nos dias 16 e 17 de julho de 2016,
em Ribeirão Cascalheira, na Prelazia de São Félix do Araguaia, Mato Grosso,
acontece a Romaria dos Mártires da Caminhada Latino-Americana, com o tema Profetas
do Reino!
Representantes das Comunidades
Eclesiais de Base - CEBS, dos Movimentos Populares, das Pastorais da Juventude,
do Centro de Estudos Bíblicos - CEBI, da Rede de Liturgia Popular CELEBRA,
Agentes de Pastoral Leigos/as, romeiros e romeiras de todo o Brasil, da América
Latina e do Caribe irão experimentar e celebrar comprometidamente a memória
dos/as mártires de Nossa América no Santuário dos Mártires da Caminhada. A memória
subversiva de tantos/as mártires será o alimento de nossa espiritualidade e
mística, da dinâmica do movimento popular, da vitalidade de nossas comunidades.
O texto foi feito em mutirão, recolhendo contribuições da Irmandade dos
Mártires da Caminhada, do Ofício Divino das Comunidades, do Ofício Divino dos
Mártires da Caminhada Latino-Americana, do Ofício de Romaria, do cancioneiro
religioso de nossas comunidades.
Neste Ofício Especial, que será
rezado e experimentado, pelas lideranças das Pastorais da Juventude, das CEBS,
das Pastorais Sociais, dos Movimentos Populares, do CEBI, da Rede CELEBRA,
Agentes de Pastoral Leigos/as e pessoas de boa vontade que se doam na defesa
constante da vida nas comunidades e em sociedade, reafirma-se que, celebrar a
memória do Pe. João Bosco Penido Burnier, nos seus 40 anos de martírio (12/10/1976
– 12/10/2016), é confirmar sua vida e assumir a sua missão na realidade em que
vivemos hoje. Unimos a celebração da memória do padre João Bosco à celebração
do memorial do Moreno de Nazaré, mártir primeiro, e fazemos nossa a sua missão
na opção preferencial pelos jovens e pelos pobres, em defesa da vida no
planeta.
Que as comunidades, em sintonia, e
que enviam os/as romeiros/as, rezem este Ofício no dia 16 e 17/07/2016 com a
certeza da colegialidade solidária que une e fortalece a caminhada. Sigamos na
fiel esperança, com a fiel teimosia, na defesa constante da Vida. Amém. Axé.
Awiri. Aleluia!
Emerson Sbardelotti
1 CHEGADA –
Silêncio...Oração pessoal...Refrão
meditativo...
Vidas
pela Vida (D. Pedro Casaldáliga / Zé Vicente)
Ôôôôôô,
Ôôôôôô!
Vidas
pela Vida,
vidas
pelo Reino,
vidas
pelo Reino.
Todas
as nossas Vidas,
como
as suas Vidas,
como
a Vida d’Ele,
o
Mártir Jesus!
Vidas
pela Vida,
vidas
pelo Reino,
vidas
pelo Reino
da
Vida.
2 ABERTURA
(Uma pessoa
acende o Círio e diz em voz bem alta:)
Bendito
sejas, Deus da vida, pela luz de Cristo, o Mártir Jesus, e por tantas
testemunhas do Reino e pelos mártires da caminhada!
-
Vem, ó Deus da vida, vem nos ajudar! (bis)
Vem, não demores mais, vem nos libertar!
(bis)
-
Hoje, ó Deus da vida, vimos adorar, (bis)
com nossos santos mártires, vimos celebrar!
(bis)
-
Nossas mãos orantes para o céu subindo, (bis)
cheguem como oferenda ao som deste hino!
-
Glória ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito, (bis)
glória à Trindade Santa, glória ao Deus
bendito! (bis)
-
Aleluia, irmãs, aleluia, irmãos! (bis)
Lembrando os mártires, a Deus louvação! (bis)
3 RECORDAÇÃO
DA VIDA
(Lembrar o
sentido de celebrar a vida, a história do mártir Pe. João Bosco Penido Burnier
e sua repercussão em nossas vidas – leia-se o relato abaixo por D. Pedro
Casaldáliga).
[...]
Duas mulheres, dona Margarida e dona Santana, estavam sofrendo na delegacia,
impotentes e sob torturas: um dia sem comer e beber, de joelhos, braços
abertos, agulhas na garganta, sob as unhas; essa repressão desumana. Eram mais
de 6 horas da tarde, e seus gritos se ouviam na rua: “Não me bata!”. Decidi ir
à delegacia, interceder por elas. Um rapaz da Missão quis me acompanhar. Temi
por ele, e não lho permiti. O Pe. João Bosco, que estava lendo, rezando, como
leu e rezou muito esses dias que conviveu conosco na Prelazia, fez questão de
me acompanhar. A escuridão que chegava, a areia da rua, o terror perceptível no
ar, no silêncio, nos acompanhavam. Quando chegávamos ao terreno da pequena
delegacia local, cercado por arame, o cabo Juraci saía. Possivelmente nos viu
chegar. Voltou, poucos minutos depois, com o cabo Messias e dois soldados; os
três últimos, de farda. Numa caminhonete do “Bracinho” bate-pau da polícia,
segundo o qualificativo do povo do Ribeirão, dirigida naquela hora pelo seu
filho de 12 anos, Genivaldo Pedro Nunes. A caminhonete parou ao lado da
delegacia. Os policiais nos esperavam enfileirados, em atitude agressiva.
Entramos pela cerca de arame, que ia ser também cerca de morte. Eu me
apresentei, como bispo de São Félix, dando a mão aos soldados. O Pe. João Bosco
também se apresentou. E tivemos aquele diálogo, de talvez três ou cinco
minutos. Sereno, de nossa parte; com insultos e ameaças, até de morte, por
parte deles. Quando o Pe. João Bosco disse aos policiais que denunciaria aos
superiores dos mesmos as arbitrariedades que vinham praticando, o soldado Ezy
pulou até ele – três metros apenas – dando-lhe uma bofetada fortíssima no
rosto. Inutilmente tentei cortar aí o impossível diálogo: “João Bosco,
vamos...” O soldado, seguidamente, descarregou também no rosto do padre um
golpe de revólver e, num segundo gesto fulminante, o tiro fatal, no crânio. Sem
um ai, o mártir – o mártir sim! – caiu, esticado, pensei que morto. O ar
congelou-se, e a noite. Inclinei-me sobre o ferido, chamei-o, respondeu. O cabo
Juraci comentou, talvez aliviado, talvez irresponsável: “Foi um tiro para
assustá-lo...”, e ainda tentou explicar-me o fato, com triste superioridade de
suboficial, dizendo: “Soldado...” [...] Entretanto, o Pe. João Bosco vivia,
consciente e generoso, sua agonia de mártir, forte, sofrido, em oblação.
Invocou várias vezes o nome de Jesus. Ofereceu várias vezes seu sofrimento
pelos índios, pelo povo. Pelo povo da nossa prelazia, pelo povo da sua Prelazia
de Diamantino. Lembrou-se do CIMI, de Dom Tomás Balduíno, seu presidente.
Lamentou com saudade comovedora: “Sinto não ter tomado nota do que os índios
(Tapirape) falaram...”. Recebeu a unção, de minhas mãos, lúcido e fervoroso. Em
latim, porque ele rezava em latim o seu breviário, até o último dia.
Recordei-lhe, uma e outra vez, que o dia seguinte era festa de Nossa Senhora
Aparecida, e ele assentia e oferecia de novo sua dor. [...] Sua última palavra
inteligível foi a palavra de Paulo: “Acabei minha carreira”, ou a palavra do
próprio Jesus: “Tudo está cumprido”. Tentou em vão levantar-se e disse, solene:
“Dom Pedro, acabamos a nossa tarefa”. Depois..., já mais de 10 horas, noite e
expectativa afora, numa caminhonete escoltada por um carro amigo, o médico, a
irmã e eu saímos, com o padre no soro, respirando como um motor cansado, pela
estrada de São Félix, pela desastrada estrada do Xingu, à procura de um táxi-aéreo
da Táxi-Aéreo Goiás, que soubemos pernoitava numa fazenda. Foram quatro horas
de mortal ansiedade. O Pe. João Bosco foi santificando com o resto de sua vida,
oferecendo ao vento da noite e a Deus, aquelas estradas, aquelas fazendas, onde
tantas vidas humanas, anônimas, sofreram e foram sacrificadas. Foi aquela uma
via-sacra de redenção pelos caminhos da Amazônia Legal, pelas terras dos
índios, dos posseiros, dos peões. Às 5 horas da madrugada, já a luz querendo
delimitar o horizonte, voamos para Goiânia, para o Instituto Neurológico da
avenida T. Tudo era inútil, medicamente. O Pe. João Bosco estava com o cérebro
já “morto”, em estado de vasoplegia. (Morreu mesmo no dia 12, lá pelas 5 da
tarde). [...] E todos sentimos que aquela vida imolada virava testemunho e
comoção. Era um missionário entre os índios que morria, e morria por libertar
da tortura duas pobres mulheres do povo do interior. [...] Pe. João Bosco foi
sepultado no dia 15 no pequeno cemitério do seminário dos jesuítas, em
Diamantino. [...] Durante a missa, a camisa ensanguentada do mártir foi
colocada num canto da igreja com uma inscrição abaixo: “Sem derramamento de
sangue não há libertação”. [...] O povo é quem entende dos seus mártires...
[...] Um jornalista chorou, na missa, quando alguém disse que “a liberdade se
compra com sangue e a vida nasce da morte”. Ele entendeu. Os padres jesuítas
divulgaram um ótimo documento que, entre outras lições de humildade e de
compromisso, agradece aos índios, aos posseiros e aos peões, porque educaram ao
Pe. João Bosco no Evangelho. Esses também entenderam. Quando enterrávamos, sob
o calor do Mato Grosso, quase meio-dia, o corpo-semente do Pe. João Bosco
Penido Burnier, missionário e mártir, perto de uma cerca de arame farpado –
símbolo de todas as cercas do latifúndio que oprimem o povo de nossa Amazônia –
Deus pôs um sinal no céu: o arco-íris cingiu de Glória e de Paz a nuvem escura
que flutuava entre o sol e a terra naquela hora.
4 HINO
Aqui estão os Profetas (Ricardo
Canta la Piedra – Versão: D. Pedro Casaldáliga)
(Neste
momento um grupo entra com folhas de palmeiras, velas e o Estandarte do Pe.
João Bosco Penido Burnier).
1.
Aqui estão os profetas
que
nestes tempos nos deram
as
esperanças e forças
para
andar...para andar...
É na cidade
e no campo,
no nosso
meio estão! (bis)
Aqui estão!
(bis)
Onde estão?
(bis)
2.
Eles nos deram a prova
daquele
amor verdadeiro,
que
não somente dá tudo,
mas
se dá!
3.
Luta de amor, estas vidas!
Morte
de amor, estas mortes!
Neles
florescem os sonhos
do
amanhã...do amanhã...
5 SALMO
34(33) (Jocy Rodrigues)
“Venham
para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso de seu fardo, e eu
lhes darei descanso” (Mt 11,28).
- Bendigamos
ao Senhor que escuta a oração dos empobrecidos e liberta os oprimidos. Façamos
nossa experiência de intimidade com Deus que o salmista nos revela e os
mártires da caminhada viveram e testemunharam com a prova do amor maior.
Os justos
elevem a Deus o seu grito
e o Deus que
liberta escuta o clamor;
bem perto
está Deus e salva o abatido,
de suas
angústias livra o Senhor.
- Vamos
juntos dar glória ao Senhor
e ao seu
nome fazer louvação.
Procurei o
Senhor, me atendeu,
me livrou de
uma grande aflição.
Olhem todos
para ele e se alegrem,
todo o tempo
sua boca sorria.
Este pobre
gritou e ele ouviu,
fiquei livre
da minha agonia.
- Acampou
na batalha seu anjo,
Defendendo
seu povo e o livrando,
provem
todos, pra ver como é bom
o Senhor que
nos vai abrigando.
Povo santo,
adore o Senhor,
aos que o
temem nenhum mal assalta.
Quem é rico
empobrece e tem fome,
mas a quem
busca a Deus, nada falta.
- Ó meus filhos, escutem o que eu digo
pra aprender
o temor do Senhor.
Quem de nós
que não ama sua vida,
e a seus
dias não quer dar valor?
Tua língua
preserva do mal
e não deixes
tua boca mentir.
Ama o bem e
detesta a maldade,
vem a paz
procurar e seguir.
- Sobre o
justo o Senhor olha sempre,
seu ouvido
se põe a escutar.
Que teus
olhos se afastem dos maus,
pois ninguém
deles vai se lembrar.
Deus ouviu
quando os justos chamaram
e livrou-os
de sua aflição.
Está perto
de quem se arrepende,
ao pequeno
ele dá salvação.
- Para o
justo não há momentos amargos,
mas vem Deus
pra lhe dar proteção.
Ele guarda
com amor os seus ossos;
nenhum deles
terá perdição.
A malícia do
ímpio o liquida,
quem
persegue o inocente é arrasado.
O Senhor e
seus servos liberta,
quem se
abriga em Deus é poupado.
- Glória
a Deus, Criador que nos ama,
glória a
Cristo que é nosso bem.
E ao
Espírito, Mãe de ternura,
desde agora
e pra sempre. Amém!
Oração
silenciosa...Repetição de frases ou palavras do salmo, intercalando com um breve
silêncio.
Oração
sálmica:
Deus
da vida, pai de ternura, tu que escuta o clamor dos justos, vem em socorro do
teu povo, liberta-nos da aflição, da opressão e da agonia. Dai-nos a vossa paz,
a coragem e a firmeza dos mártires da caminhada. Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.
6 LEITURA
BÍBLICA
Leitura
do Livro do Apocalipse 7,2-4. 9-14.
Eu
João, vi um outro anjo que vinha do Oriente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele
gritou em alta voz aos quatro anjos, que tinham sido encarregados de fazer mal
à terra e ao mar: “Não prejudiquem a terra, nem o mar, nem as árvores! Primeiro
vamos marcar a fronte dos servos do nosso Deus”. Ouvi então o número dos que
receberam a marca: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos do povo de
Israel.
Depois
disso eu vi uma multidão que ninguém podia contar: gente de todas as nações,
tribos, povos e línguas. Estavam todos de pé diante do trono e diante do
Cordeiro. Vestiam vestes brancas e traziam palmas na mão. Em alta voz, a
multidão proclamava: “A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no
trono, e ao Cordeiro”.
Nesta
hora, todos os anjos que estavam ao redor do trono, dos Anciãos e dos quatros
Seres vivos, ajoelharam-se diante do trono para adorar a Deus. E diziam: “Amém!
O louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força
pertencem ao nosso Deus, para sempre. Amém!”.
Um
dos Anciãos tomou a palavra e me perguntou: “Você sabe quem são e de onde
vieram esses que estão vestidos com roupas brancas?”. Eu respondi: “Não sei
não, Senhor! O Senhor é quem sabe!”. Ele então me explicou: “São os que vêm
chegando da grande tribulação. Eles lavaram e alvejaram suas roupas no sangue
do Cordeiro”.
Palavra
do Senhor.
- Graças a
Deus!
7 Palavras
de Testemunhas: Pe. João Bosco Penido Burnier
-
“Temos que nos inculturar (no povo indígena) para poder transmitir o Evangelho
e descobrir na vida dos índios os valores evangélicos; não nos desvencilharmos
do nosso contexto cultural...”
-
“O essencial da vida cristã é que haja vida. Não é um resultado, também não é uma semente
– é a vida daquele povo concreto informado pelo Espírito do Evangelho...”
-
“Levamos sobre nós um pecado histórico que só com o testemunho da vida
poderemos superar”.
-
“Não é a partir de um povo destruído que se vai a estabelecer uma missão”.
-
“A encarnação já é evangelização”.
-
“Contra esses abusos da autoridade e da falsa justiça, temos que opor nossos
protestos e a nossa ação pública; mesmo com o risco de ficarmos expostos a
represálias e à incompreensão das autoridades”.
-
“Ofereço minha vida pelo CIMI..., pelo povo do Brasil... Acabamos nossa
tarefa!”
Responso:
Ôôôôôô, Ôôôôôô!
Vidas pela vida,
vidas pelo Reino,
Vidas pelo Reino.
Todas as nossas vidas,
como as suas vidas,
como a vida d’Ele,
o Mártir Jesus!
Vidas
pela Vida,
vidas
pelo Reino,
vidas
pelo Reino
da
Vida.
8 MEDITAÇÃO –
Silêncio...partilha...refrãos meditativos
9 PRECES
Junto
ao Pe. João Bosco Penido Burnier e a todos os mártires unamo-nos à intercessão
de Jesus e rezemos:
Escuta-nos,
Senhor da glória!
- Pelo
testemunho dos mártires, tu te revelaste próximo de nós e companheiro de
nossas vidas.
- Acolhe
o louvor de todas as criaturas e a oferenda que fizeram de suas vidas os
mártires de todos os tempos e lugares.
- Nós te
bendizemos pelos sinais de amor que cada pessoa e toda a nossa comunidade
tem recebido de ti.
- Da
terra regada pelo sangue dos mártires, faz brotar, Senhor, flores de
aleluia e vida, frutos de paz e justiça para teu povo...
- Julga,
Senhor, os responsáveis pela morte de nossos Mártires que compreendam o
mal que fizeram e se convertam de seu pecado...
Preces
espontâneas...
Pai Nosso
Pai Nosso dos Mártires (Cirineu Kuhn)
Pai Nosso,
dos pobres marginalizados!
Pai Nosso,
dos Mártires, dos torturados!
- Teu
nome é santificado
naqueles que
morrem defendendo a vida.
Teu nome é
glorificado
quando a
justiça é nossa medida.
Teu reino é
de liberdade,
de
fraternidade, paz e comunhão.
Maldita toda
violência,
que devora a
vida pela repressão. Ô, ô, ô.
- Queremos
fazer tua vontade,
és o
verdadeiro Deus libertador.
Não podemos
seguir as doutrinas
corrompidas
pelo poder opressor.
Pedimos-te o
pão da vida,
o pão da
segurança, o pão das multidões,
o pão que
traz humanidade
que constrói
a vida em vez de canhões. Ô, ô, ô.
- Perdoa-nos
quando por medo,
ficamos calados
diante da morte!
Perdoa e
destrói os reinos
em que a
corrupção é a lei mais forte.
Protege-nos
da crueldade,
do esquadrão
da morte, dos prevalecidos.
Pai Nosso
revolucionário,
Parceiro dos
pobres, Deus dos oprimidos!
Oração
Deus
da vida e de toda a família humana, que caminha na vossa presença. Fazendo
memória dos mártires da caminhada e do Pe. João Bosco Penido Burnier,
celebramos a Páscoa do vosso Filho Jesus, a Testemunha Fiel. Nós vos bendizemos
pelo amor que venceu o medo e a tortura e vos pedimos que nos torneis filhas e
filhos da mesma Graça, testemunhas e herdeiros do sangue derramado, fiel ao
Evangelho do Reino. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
Ou
Oração dos
Mártires da Caminhada
Deus
da Vida e do Amor, Trindade Santa: Em irmandade com os Mártires da Caminhada da
Nossa América, vos louvamos e agradecemos pela força que derramastes em seus
corações para darem a vida e a morte pela Vida no Amor. Como Jesus, foram fiéis
até o fim e deram a prova maior. Por Ele e com Ele, venceram o pecado, a escravidão
e a morte e vivem gloriosos, sendo páscoa na Páscoa. Derramai também em nós o
vosso Espírito de união, de fortaleza e de alegria, para que demos totalmente
nossas vidas pela causa do vosso Reino. Por esses muitos irmãos e irmãs,
testemunhas pascais. Por Maria, a mãe da Testemunha Fiel. E pelo mesmo Jesus
Cristo, o Crucificado Ressuscitado, Primogênito vencedor da morte.
Amém, Axé,
Awiri, Aleluia!
10 BÊNÇÃO
O
Deus da vida e da resistência que se revela nos Mártires da Caminhada, nos
encha do seu Espírito materno e nos renove na alegria do amor, agora e para
sempre.
Amém, Axé,
Awiri, Aleluia!
-
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Para sempre seja louvado!
11 SAIDEIRA
Liberdade (Zé Martins)
1. Liberdade vem e canta e
saúda este novo sol que vem.
Canta com alegria o escondido
amor que no peito tem.
Mira o céu azul, espaço
aberto pra te acolher (bis).
2. Liberdade vem e pisa neste
firme chão de verde ramagem.
Canta, louvando as flores que
ao bailar do vento fazem sua mensagem.
Mira essas flores, abraço
aberto pra te acolher (bis).
3. Liberdade vem e pousa nesta
dura América, triste e vendida.
Canta com os seus gritos nossos
filhos mortos e a paz ferida.
Mira este lugar, desejo
aberto pra te acolher (bis).
4. Liberdade, liberdade, és o
desejo que nos faz viver.
És o grande sentido de uma vida
pronta para morrer.
Mira o nosso chão banhado em
sangue pra reviver.
Mira a nossa América banhada em morte pra renascer.
FONTES
A BÍBLIA DE JERUSALÉM. São
Paulo: Edições Paulinas, 1985.
CASALDÁLIGA, Pedro. Martírio
do Pe. João Bosco Penido Burnier. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
OFÍCIO DIVINO DAS COMUNIDADES.
18.ed. São Paulo: Paulus, 2014.
OFÍCIO
DOS MÁRTIRES DA CAMINHADA LATINO-AMERICANA. São Félix
do Araguaia: Irmandade dos Mártires da Caminhada, 2016.
VELOSO,
Reginaldo. Ofício de Romaria. São
Paulo: Paulus, 2013.
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