quinta-feira, 14 de julho de 2016

OFÍCIO DOS MÁRTIRES - 16 E 17/07/2016

OFÍCIO DIVINO DOS MÁRTIRES DA CAMINHADA LATINO-AMERICANA



ELABORAÇÃO

Emerson Sbardelotti


REVISÃO

Ana Maria Silva Lemos

Emerson Sbardelotti


ARTE

Maximino Cerezo Barredo





APRESENTAÇÃO

Às vezes tenho a sensação de que estou vivendo de gorjeta, porque escapei da morte muitas vezes e, talvez, porque João Bosco tenha morrido em meu lugar. Diante destas situações, diante das ameaças de morte, estou tranquilo, porque, afinal de contas, estou rodeado de muita gente que também está ameaçada. Dizem nossos teólogos da Libertação que o contrário da fé não é a dúvida, mas o medo. O perigo é ter medo do medo.
D. Pedro Casaldáliga

Nos dias 16 e 17 de julho de 2016, em Ribeirão Cascalheira, na Prelazia de São Félix do Araguaia, Mato Grosso, acontece a Romaria dos Mártires da Caminhada Latino-Americana, com o tema Profetas do Reino!
Representantes das Comunidades Eclesiais de Base - CEBS, dos Movimentos Populares, das Pastorais da Juventude, do Centro de Estudos Bíblicos - CEBI, da Rede de Liturgia Popular CELEBRA, Agentes de Pastoral Leigos/as, romeiros e romeiras de todo o Brasil, da América Latina e do Caribe irão experimentar e celebrar comprometidamente a memória dos/as mártires de Nossa América no Santuário dos Mártires da Caminhada. A memória subversiva de tantos/as mártires será o alimento de nossa espiritualidade e mística, da dinâmica do movimento popular, da vitalidade de nossas comunidades. O texto foi feito em mutirão, recolhendo contribuições da Irmandade dos Mártires da Caminhada, do Ofício Divino das Comunidades, do Ofício Divino dos Mártires da Caminhada Latino-Americana, do Ofício de Romaria, do cancioneiro religioso de nossas comunidades.
Neste Ofício Especial, que será rezado e experimentado, pelas lideranças das Pastorais da Juventude, das CEBS, das Pastorais Sociais, dos Movimentos Populares, do CEBI, da Rede CELEBRA, Agentes de Pastoral Leigos/as e pessoas de boa vontade que se doam na defesa constante da vida nas comunidades e em sociedade, reafirma-se que, celebrar a memória do Pe. João Bosco Penido Burnier, nos seus 40 anos de martírio (12/10/1976 – 12/10/2016), é confirmar sua vida e assumir a sua missão na realidade em que vivemos hoje. Unimos a celebração da memória do padre João Bosco à celebração do memorial do Moreno de Nazaré, mártir primeiro, e fazemos nossa a sua missão na opção preferencial pelos jovens e pelos pobres, em defesa da vida no planeta.
Que as comunidades, em sintonia, e que enviam os/as romeiros/as, rezem este Ofício no dia 16 e 17/07/2016 com a certeza da colegialidade solidária que une e fortalece a caminhada. Sigamos na fiel esperança, com a fiel teimosia, na defesa constante da Vida. Amém. Axé. Awiri. Aleluia!

Emerson Sbardelotti




1 CHEGADA Silêncio...Oração pessoal...Refrão meditativo...

Vidas pela Vida (D. Pedro Casaldáliga / Zé Vicente)

Ôôôôôô, Ôôôôôô!
Vidas pela Vida,
vidas pelo Reino,
vidas pelo Reino.
Todas as nossas Vidas,
como as suas Vidas,
como a Vida d’Ele,
o Mártir Jesus!
Vidas pela Vida,
vidas pelo Reino,
vidas pelo Reino
da Vida.

2 ABERTURA

(Uma pessoa acende o Círio e diz em voz bem alta:)

Bendito sejas, Deus da vida, pela luz de Cristo, o Mártir Jesus, e por tantas testemunhas do Reino e pelos mártires da caminhada!

- Vem, ó Deus da vida, vem nos ajudar! (bis)
  Vem, não demores mais, vem nos libertar! (bis)
- Hoje, ó Deus da vida, vimos adorar, (bis)
  com nossos santos mártires, vimos celebrar! (bis)
- Nossas mãos orantes para o céu subindo, (bis)
  cheguem como oferenda ao som deste hino!
- Glória ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito, (bis)
  glória à Trindade Santa, glória ao Deus bendito! (bis)
- Aleluia, irmãs, aleluia, irmãos! (bis)
  Lembrando os mártires, a Deus louvação! (bis)

3 RECORDAÇÃO DA VIDA

(Lembrar o sentido de celebrar a vida, a história do mártir Pe. João Bosco Penido Burnier e sua repercussão em nossas vidas – leia-se o relato abaixo por D. Pedro Casaldáliga).

[...] Duas mulheres, dona Margarida e dona Santana, estavam sofrendo na delegacia, impotentes e sob torturas: um dia sem comer e beber, de joelhos, braços abertos, agulhas na garganta, sob as unhas; essa repressão desumana. Eram mais de 6 horas da tarde, e seus gritos se ouviam na rua: “Não me bata!”. Decidi ir à delegacia, interceder por elas. Um rapaz da Missão quis me acompanhar. Temi por ele, e não lho permiti. O Pe. João Bosco, que estava lendo, rezando, como leu e rezou muito esses dias que conviveu conosco na Prelazia, fez questão de me acompanhar. A escuridão que chegava, a areia da rua, o terror perceptível no ar, no silêncio, nos acompanhavam. Quando chegávamos ao terreno da pequena delegacia local, cercado por arame, o cabo Juraci saía. Possivelmente nos viu chegar. Voltou, poucos minutos depois, com o cabo Messias e dois soldados; os três últimos, de farda. Numa caminhonete do “Bracinho” bate-pau da polícia, segundo o qualificativo do povo do Ribeirão, dirigida naquela hora pelo seu filho de 12 anos, Genivaldo Pedro Nunes. A caminhonete parou ao lado da delegacia. Os policiais nos esperavam enfileirados, em atitude agressiva. Entramos pela cerca de arame, que ia ser também cerca de morte. Eu me apresentei, como bispo de São Félix, dando a mão aos soldados. O Pe. João Bosco também se apresentou. E tivemos aquele diálogo, de talvez três ou cinco minutos. Sereno, de nossa parte; com insultos e ameaças, até de morte, por parte deles. Quando o Pe. João Bosco disse aos policiais que denunciaria aos superiores dos mesmos as arbitrariedades que vinham praticando, o soldado Ezy pulou até ele – três metros apenas – dando-lhe uma bofetada fortíssima no rosto. Inutilmente tentei cortar aí o impossível diálogo: “João Bosco, vamos...” O soldado, seguidamente, descarregou também no rosto do padre um golpe de revólver e, num segundo gesto fulminante, o tiro fatal, no crânio. Sem um ai, o mártir – o mártir sim! – caiu, esticado, pensei que morto. O ar congelou-se, e a noite. Inclinei-me sobre o ferido, chamei-o, respondeu. O cabo Juraci comentou, talvez aliviado, talvez irresponsável: “Foi um tiro para assustá-lo...”, e ainda tentou explicar-me o fato, com triste superioridade de suboficial, dizendo: “Soldado...” [...] Entretanto, o Pe. João Bosco vivia, consciente e generoso, sua agonia de mártir, forte, sofrido, em oblação. Invocou várias vezes o nome de Jesus. Ofereceu várias vezes seu sofrimento pelos índios, pelo povo. Pelo povo da nossa prelazia, pelo povo da sua Prelazia de Diamantino. Lembrou-se do CIMI, de Dom Tomás Balduíno, seu presidente. Lamentou com saudade comovedora: “Sinto não ter tomado nota do que os índios (Tapirape) falaram...”. Recebeu a unção, de minhas mãos, lúcido e fervoroso. Em latim, porque ele rezava em latim o seu breviário, até o último dia. Recordei-lhe, uma e outra vez, que o dia seguinte era festa de Nossa Senhora Aparecida, e ele assentia e oferecia de novo sua dor. [...] Sua última palavra inteligível foi a palavra de Paulo: “Acabei minha carreira”, ou a palavra do próprio Jesus: “Tudo está cumprido”. Tentou em vão levantar-se e disse, solene: “Dom Pedro, acabamos a nossa tarefa”. Depois..., já mais de 10 horas, noite e expectativa afora, numa caminhonete escoltada por um carro amigo, o médico, a irmã e eu saímos, com o padre no soro, respirando como um motor cansado, pela estrada de São Félix, pela desastrada estrada do Xingu, à procura de um táxi-aéreo da Táxi-Aéreo Goiás, que soubemos pernoitava numa fazenda. Foram quatro horas de mortal ansiedade. O Pe. João Bosco foi santificando com o resto de sua vida, oferecendo ao vento da noite e a Deus, aquelas estradas, aquelas fazendas, onde tantas vidas humanas, anônimas, sofreram e foram sacrificadas. Foi aquela uma via-sacra de redenção pelos caminhos da Amazônia Legal, pelas terras dos índios, dos posseiros, dos peões. Às 5 horas da madrugada, já a luz querendo delimitar o horizonte, voamos para Goiânia, para o Instituto Neurológico da avenida T. Tudo era inútil, medicamente. O Pe. João Bosco estava com o cérebro já “morto”, em estado de vasoplegia. (Morreu mesmo no dia 12, lá pelas 5 da tarde). [...] E todos sentimos que aquela vida imolada virava testemunho e comoção. Era um missionário entre os índios que morria, e morria por libertar da tortura duas pobres mulheres do povo do interior. [...] Pe. João Bosco foi sepultado no dia 15 no pequeno cemitério do seminário dos jesuítas, em Diamantino. [...] Durante a missa, a camisa ensanguentada do mártir foi colocada num canto da igreja com uma inscrição abaixo: “Sem derramamento de sangue não há libertação”. [...] O povo é quem entende dos seus mártires... [...] Um jornalista chorou, na missa, quando alguém disse que “a liberdade se compra com sangue e a vida nasce da morte”. Ele entendeu. Os padres jesuítas divulgaram um ótimo documento que, entre outras lições de humildade e de compromisso, agradece aos índios, aos posseiros e aos peões, porque educaram ao Pe. João Bosco no Evangelho. Esses também entenderam. Quando enterrávamos, sob o calor do Mato Grosso, quase meio-dia, o corpo-semente do Pe. João Bosco Penido Burnier, missionário e mártir, perto de uma cerca de arame farpado – símbolo de todas as cercas do latifúndio que oprimem o povo de nossa Amazônia – Deus pôs um sinal no céu: o arco-íris cingiu de Glória e de Paz a nuvem escura que flutuava entre o sol e a terra naquela hora.

4 HINO

Aqui estão os Profetas (Ricardo Canta la Piedra – Versão: D. Pedro Casaldáliga)

(Neste momento um grupo entra com folhas de palmeiras, velas e o Estandarte do Pe. João Bosco Penido Burnier).

1. Aqui estão os profetas
que nestes tempos nos deram
as esperanças e forças
para andar...para andar...

É na cidade e no campo,
no nosso meio estão! (bis)
Aqui estão! (bis)
Onde estão? (bis)

2. Eles nos deram a prova
daquele amor verdadeiro,
que não somente dá tudo,
mas se dá!

3. Luta de amor, estas vidas!
Morte de amor, estas mortes!
Neles florescem os sonhos
do amanhã...do amanhã...

5 SALMO 34(33)  (Jocy Rodrigues)

“Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso de seu fardo, e eu lhes darei descanso” (Mt 11,28).

- Bendigamos ao Senhor que escuta a oração dos empobrecidos e liberta os oprimidos. Façamos nossa experiência de intimidade com Deus que o salmista nos revela e os mártires da caminhada viveram e testemunharam com a prova do amor maior.

Os justos elevem a Deus o seu grito
e o Deus que liberta escuta o clamor;
bem perto está Deus e salva o abatido,
de suas angústias livra o Senhor.

  1. Vamos juntos dar glória ao Senhor
e ao seu nome fazer louvação.
Procurei o Senhor, me atendeu,
me livrou de uma grande aflição.

Olhem todos para ele e se alegrem,
todo o tempo sua boca sorria.
Este pobre gritou e ele ouviu,
fiquei livre da minha agonia.

  1. Acampou na batalha seu anjo,
Defendendo seu povo e o livrando,
provem todos, pra ver como é bom
o Senhor que nos vai abrigando.

Povo santo, adore o Senhor,
aos que o temem nenhum mal assalta.
Quem é rico empobrece e tem fome,
mas a quem busca a Deus, nada falta.

  1.  Ó meus filhos, escutem o que eu digo
pra aprender o temor do Senhor.
Quem de nós que não ama sua vida,
e a seus dias não quer dar valor?

Tua língua preserva do mal
e não deixes tua boca mentir.
Ama o bem e detesta a maldade,
vem a paz procurar e seguir.

  1. Sobre o justo o Senhor olha sempre,
seu ouvido se põe a escutar.
Que teus olhos se afastem dos maus,
pois ninguém deles vai se lembrar.

Deus ouviu quando os justos chamaram
e livrou-os de sua aflição.
Está perto de quem se arrepende,
ao pequeno ele dá salvação.

  1. Para o justo não há momentos amargos,
mas vem Deus pra lhe dar proteção.
Ele guarda com amor os seus ossos;
nenhum deles terá perdição.

A malícia do ímpio o liquida,
quem persegue o inocente é arrasado.
O Senhor e seus servos liberta,
quem se abriga em Deus é poupado.

  1. Glória a Deus, Criador que nos ama,
glória a Cristo que é nosso bem.
E ao Espírito, Mãe de ternura,
desde agora e pra sempre. Amém!

Oração silenciosa...Repetição de frases ou palavras do salmo, intercalando com um breve silêncio.

Oração sálmica:

Deus da vida, pai de ternura, tu que escuta o clamor dos justos, vem em socorro do teu povo, liberta-nos da aflição, da opressão e da agonia. Dai-nos a vossa paz, a coragem e a firmeza dos mártires da caminhada. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

6 LEITURA BÍBLICA

Leitura do Livro do Apocalipse 7,2-4. 9-14.

Eu João, vi um outro anjo que vinha do Oriente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele gritou em alta voz aos quatro anjos, que tinham sido encarregados de fazer mal à terra e ao mar: “Não prejudiquem a terra, nem o mar, nem as árvores! Primeiro vamos marcar a fronte dos servos do nosso Deus”. Ouvi então o número dos que receberam a marca: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos do povo de Israel.
Depois disso eu vi uma multidão que ninguém podia contar: gente de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam todos de pé diante do trono e diante do Cordeiro. Vestiam vestes brancas e traziam palmas na mão. Em alta voz, a multidão proclamava: “A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”.
Nesta hora, todos os anjos que estavam ao redor do trono, dos Anciãos e dos quatros Seres vivos, ajoelharam-se diante do trono para adorar a Deus. E diziam: “Amém! O louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus, para sempre. Amém!”.
Um dos Anciãos tomou a palavra e me perguntou: “Você sabe quem são e de onde vieram esses que estão vestidos com roupas brancas?”. Eu respondi: “Não sei não, Senhor! O Senhor é quem sabe!”. Ele então me explicou: “São os que vêm chegando da grande tribulação. Eles lavaram e alvejaram suas roupas no sangue do Cordeiro”.
Palavra do Senhor.
- Graças a Deus!

7 Palavras de Testemunhas: Pe. João Bosco Penido Burnier

- “Temos que nos inculturar (no povo indígena) para poder transmitir o Evangelho e descobrir na vida dos índios os valores evangélicos; não nos desvencilharmos do nosso contexto cultural...”
- “O essencial da vida cristã é que haja vida. Não é um resultado, também não é uma semente – é a vida daquele povo concreto informado pelo Espírito do Evangelho...”
- “Levamos sobre nós um pecado histórico que só com o testemunho da vida poderemos superar”.
- “Não é a partir de um povo destruído que se vai a estabelecer uma missão”.
- “A encarnação já é evangelização”.
- “Contra esses abusos da autoridade e da falsa justiça, temos que opor nossos protestos e a nossa ação pública; mesmo com o risco de ficarmos expostos a represálias e à incompreensão das autoridades”.
- “Ofereço minha vida pelo CIMI..., pelo povo do Brasil... Acabamos nossa tarefa!”

Responso:   
                        Ôôôôôô, Ôôôôôô!
                        Vidas pela vida,
                        vidas pelo Reino,
                        Vidas pelo Reino.
                        Todas as nossas vidas,
                        como as suas vidas,
                        como a vida d’Ele,
                        o Mártir Jesus!
Vidas pela Vida,
vidas pelo Reino,
vidas pelo Reino
da Vida.

8 MEDITAÇÃO – Silêncio...partilha...refrãos meditativos

9 PRECES

Junto ao Pe. João Bosco Penido Burnier e a todos os mártires unamo-nos à intercessão de Jesus e rezemos:

Escuta-nos, Senhor da glória!

  • Pelo testemunho dos mártires, tu te revelaste próximo de nós e companheiro de nossas vidas.

  • Acolhe o louvor de todas as criaturas e a oferenda que fizeram de suas vidas os mártires de todos os tempos e lugares.

  • Nós te bendizemos pelos sinais de amor que cada pessoa e toda a nossa comunidade tem recebido de ti.

  • Da terra regada pelo sangue dos mártires, faz brotar, Senhor, flores de aleluia e vida, frutos de paz e justiça para teu povo...

  • Julga, Senhor, os responsáveis pela morte de nossos Mártires que compreendam o mal que fizeram e se convertam de seu pecado...

Preces espontâneas...

Pai Nosso

Pai Nosso dos Mártires (Cirineu Kuhn)

Pai Nosso, dos pobres marginalizados!
Pai Nosso, dos Mártires, dos torturados!

  1. Teu nome é santificado
naqueles que morrem defendendo a vida.
Teu nome é glorificado
quando a justiça é nossa medida.
Teu reino é de liberdade,
de fraternidade, paz e comunhão.
Maldita toda violência,
que devora a vida pela repressão. Ô, ô, ô.

  1. Queremos fazer tua vontade,
és o verdadeiro Deus libertador.
Não podemos seguir as doutrinas
corrompidas pelo poder opressor.
Pedimos-te o pão da vida,
o pão da segurança, o pão das multidões,
o pão que traz humanidade
que constrói a vida em vez de canhões. Ô, ô, ô.

  1. Perdoa-nos quando por medo,
ficamos calados diante da morte!
Perdoa e destrói os reinos
em que a corrupção é a lei mais forte.
Protege-nos da crueldade,
do esquadrão da morte, dos prevalecidos.
Pai Nosso revolucionário,
Parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos!

Oração

Deus da vida e de toda a família humana, que caminha na vossa presença. Fazendo memória dos mártires da caminhada e do Pe. João Bosco Penido Burnier, celebramos a Páscoa do vosso Filho Jesus, a Testemunha Fiel. Nós vos bendizemos pelo amor que venceu o medo e a tortura e vos pedimos que nos torneis filhas e filhos da mesma Graça, testemunhas e herdeiros do sangue derramado, fiel ao Evangelho do Reino. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

Ou

Oração dos Mártires da Caminhada

Deus da Vida e do Amor, Trindade Santa: Em irmandade com os Mártires da Caminhada da Nossa América, vos louvamos e agradecemos pela força que derramastes em seus corações para darem a vida e a morte pela Vida no Amor. Como Jesus, foram fiéis até o fim e deram a prova maior. Por Ele e com Ele, venceram o pecado, a escravidão e a morte e vivem gloriosos, sendo páscoa na Páscoa. Derramai também em nós o vosso Espírito de união, de fortaleza e de alegria, para que demos totalmente nossas vidas pela causa do vosso Reino. Por esses muitos irmãos e irmãs, testemunhas pascais. Por Maria, a mãe da Testemunha Fiel. E pelo mesmo Jesus Cristo, o Crucificado Ressuscitado, Primogênito vencedor da morte.
Amém, Axé, Awiri, Aleluia!

10 BÊNÇÃO

O Deus da vida e da resistência que se revela nos Mártires da Caminhada, nos encha do seu Espírito materno e nos renove na alegria do amor, agora e para sempre.
Amém, Axé, Awiri, Aleluia!

- Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
  Para sempre seja louvado!

11 SAIDEIRA

Liberdade (Zé Martins)

1. Liberdade vem e canta e saúda este novo sol que vem.
Canta com alegria o escondido amor que no peito tem.
Mira o céu azul, espaço aberto pra te acolher (bis).

2. Liberdade vem e pisa neste firme chão de verde ramagem.
Canta, louvando as flores que ao bailar do vento fazem sua mensagem.
Mira essas flores, abraço aberto pra te acolher (bis).

3. Liberdade vem e pousa nesta dura América, triste e vendida.
Canta com os seus gritos nossos filhos mortos e a paz ferida.
Mira este lugar, desejo aberto pra te acolher (bis).

4. Liberdade, liberdade, és o desejo que nos faz viver.
És o grande sentido de uma vida pronta para morrer.
Mira o nosso chão banhado em sangue pra reviver.
Mira a nossa América banhada em morte pra renascer.


FONTES

A BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.

CASALDÁLIGA, Pedro. Martírio do Pe. João Bosco Penido Burnier. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

OFÍCIO DIVINO DAS COMUNIDADES. 18.ed. São Paulo: Paulus, 2014.

OFÍCIO DOS MÁRTIRES DA CAMINHADA LATINO-AMERICANA. São Félix do Araguaia: Irmandade dos Mártires da Caminhada, 2016.

VELOSO, Reginaldo. Ofício de Romaria. São Paulo: Paulus, 2013.






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