Evangelho do Dia (07/07/2016) - Mt 10,7-15*:
"E pelo caminho proclamai que o reinado de Deus está próximo. Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios. De graça o recebestes, dai-o de graça. Não leveis no cinturão ouro nem prata nem cobre, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão. Pois o operário tem direito ao sustento. Quando entrardes numa cidade ou aldeia, perguntai por alguma pessoa respeitável, e hospedai-vos com ela até partirdes. Ao entrardes na casa, saudai-a: se ela merece, nela entrará vossa paz; se não a merece, vossa paz voltará a vós. Se alguém não vos receber, nem escutar vossa mensagem, ao sair daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos pés. Asseguro-vos que no dia do julgamento a sorte de Sodoma e Gomorra será mais leve que a daquela cidade".
Jesus de Nazaré continua seu ensinamento para os discípulos e para nós hoje. As ações que ele pede que os discípulos realizem, e dá poder para isso, era o que ele fazia. Era um luxo, no tempo de Jesus, que uma pessoa tivesse duas túnicas, sinal de segurança material, porém, este não era o caso de Jesus nem de seus discípulos. O salário de um trabalhador era pago por dia, era um diarista. Não havia, ao contrário de hoje, acumulação do dinheiro, vivia portanto, do salário merecido, dia após dia, mantendo a fé em Deus e na comunidade. Nosso povo nunca deixa uma mulher e um homem de Deus passar por necessidade.Tais palavras do Evangelho nos causa inquietação. A gratuidade divina deve refletir em serviço, em atividade, feita de coração puro, sem visar nenhum benefício. Desejar e anunciar a paz é o aspecto da chegada do reino de Deus. Mas se a cidade ou a casa rejeitam a Boa Nova do reino de Deus, o castigo será muito pior do que das cidades de Sodoma e Gomorra relembradas como malditas por todos os israelitas. E como experimentamos este Evangelho hoje? Na atual conjuntura brasileira não é difícil vermos as palavras do Evangelho de hoje serem deturpadas. Há sem dúvida, e crescendo cada dia mais, o número das pessoas que preferem fazer e ensinar uma teologia da prosperidade, onde a graça, o milagre e mesmo a fé, se tornou moeda de mercado, onde, para se conseguir a benesse divina é preciso comprar, pagar. Lideranças religiosas se tornaram cambistas, mercadores, profissionais de uma fé baseada nos ensinamentos de Adam Smith: "oferta + procura = lucro!". O capitalismo invadiu de tal forma os corações e mentes, que a fraternidade, a solidariedade, a partilha, são vistas como coisas passadas, estão no campo da utopia e dos sonhos. Há uma distorção clara do Evangelho. Isso é inaceitável. Fomos chamados a sermos discípulos missionários e ir para fora da Igreja para apresentar o Evangelho de forma gratuita, sem privilegiar ninguém, porém, sempre, a partir do respeito, do diálogo e do encontro. O Papa Francisco em julho de 2013, ao desembarcar no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, dizia: "Não tenho ouro nem prata, mas trago comigo o mais valioso: Jesus Cristo. Venho em seu nome para alimentar a chama de amor fraterno que arde em todo coração e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saúde. Que a paz de Cristo esteja convosco".
Emerson Sbardelotti
* BÍBLIA DO PEREGRINO. 2.ed. São Paulo: Paulus, 2005.
** Arte: Luís Henrique Alves Pinto (MG).
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