"Então se aproximou a mãe dos Zebedeus com seus filhos e se prostrou para fazer um pedido. Ele lhe perguntou:
- Que desejas?
Respondeu:
- Ordena que, quando reinares, estes dois filhos meus sentem um à tua direita e outro à tua esquerda.
Jesus lhe respondeu:
- Não sabeis o que pedis. Sois capazes de beber a taça que eu vou beber?
Respondem:
- Podemos.
Diz-lhes:
- Bebereis minha taça, mas sentar à minha direita e esquerda não cabe a mim conceder; será para aqueles a quem meu Pai destinou.
Quando os outros dez ouviram isso, ficaram indignados com os dois irmãos.
Mas Jesus os chamou e lhes disse:
- Sabeis que entre os pagãos os governantes submetem os súditos, e os poderosos impõem sua autoridade. Não será assim entre vós; pelo contrário, quem quiser ser grande entre vós, que se torne vosso servidor, e quem quiser ser o primeiro que se torne vosso escravo. Da mesma forma que este Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida como resgate por todos".
O Evangelho de hoje, retoma o tema de grandes e pequenos, porém, desta vez no plano do poder. Os discípulos estão tendo dificuldades em entender o ensinamento de Jesus de Nazaré e isso é mostrado neste episódio. Na comunidade iniciada por Jesus o poder não pode estar acima do serviço. A autoridade exercida por Jesus não é por via da ostentação de poder, mas com espírito de serviço, generosidade, humildade, fraternidade, justiça, misericórdia e paz. Onde há ostentação demais, há Evangelho de menos! A mãe dos Zebedeus será na tradição nomeada entre as mulheres que seguiram Jesus desde a Galileia e que assistiu seu assassinato. A taça, ou o cálice, metáfora de bênção, mas também para falar do sofrimento do Povo de Deus, reaparecerá no Getsêmani, mostrando a dura prova pela qual Jesus passará para assumir sua realeza na cruz. Essa é a taça que Ele oferecerá aos doze. Esse é o cálice que Ele nos oferece hoje. Quem terá coragem de beber do cálice e continuar inerte e em cima do muro frente à toda violência, intolerância, desamor e preconceito existente em nossa sociedade e, infelizmente, dentro de nossas comunidades. Resgatar a vida = pagar o preço pela libertação de um cativo, de um devedor, de um escravo. Servidor = aquele que cuida dos deveres domésticos, especialmente à provisão de alimentos. Escravo = a pessoa não livre, destinada a obedecer a seu senhor. A grande ambição no serviço a Deus deve ser a ambição de servir aos outros, eis o exemplo que Jesus de Nazaré nos deu.
Emerson Sbardelotti
* BÍBLIA DO PEREGRINO. 2.ed. São Paulo: Paulus, 2005.
** Arte: Anderson Augusto (MG).
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