"Quando Jesus chegou à região de Cesaréia de Filipe, interrogou os discípulos:
- Quem dizem os homens que é este Homem?
Responderam:
- Uns que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou algum outro profeta.
Disse-lhes:
- E vós, quem dizeis que eu sou?
Respondeu Simão Pedro:
- Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.
Jesus lhe replicou:
- Feliz és tu, Simão, filho de Jonas! Porque não foi alguém de carne e sangue que te revelou isso, e sim meu Pai do céu. Pois eu te digo que tu és Pedro e sobre esta Pedra construirei minha igreja, e o império da morte não a vencerá. A ti darei as chaves do reino de Deus: o que atares na terra ficará atado no céu; o que de desatares na terra ficará desatado no céu.
Começo minha reflexão, um pouco longa, lembrando que o dia 29 de junho, é a data consagrada pelo nosso povo - exclusivamente à memória de São Pedro. É claro que a tradição ocidental junta, numa única celebração, a memória de São Pedro e São Paulo, colunas da Igreja. Mas, para seguirmos a intuição do nosso povo, com a liberdade dos filhos e filhas de Deus, podemos consagrá-la especial e exclusivamente à memória do santo pescador e pecador, que aprendeu, às custas de muitas mancadas, o amor e a fidelidade a Jesus, seu Mestre. Podemos deixar para fazer com São Paulo, o que fazem os paulistas, comemorando a sua preciosa memória no dia 25 de janeiro ou no domingo seguinte. No Evangelho de hoje, Jesus de Nazaré envia os doze em missão e eles tomam conhecimento das reações do povo a respeito dele, considerando-o como enviado especialíssimo de Deus para preparar a era messiânica; alguém poupado da morte ou morto e redivivo para ter maior autoridade. As diversas respostas colocam Jesus de Nazaré na linha da tradição profética. Messias-Cristo era o título de esperança para indicar o salvador que Deus enviaria ao seu povo. Naquele momento da história de Israel a esperança em um Messias-Cristo não estava separada das aspirações políticas de um povo escravo de Roma. De fato, a missão de Jesus era anunciar o projeto de vida do reino de Deus. Sua nova comunidade-igreja de amigos, de discípulos missionários, terá em Pedro, sua pedra fundamental (do grego: pétros - indica uma pedra, pedregulho que se pode pegar, mover e lançar). Enquanto a pedra (do grego: petra - silhar, penha ou rocha, aquilo que provê um fundamento sólido para uma construção), é onde se assentará a obra e o domínio de Jesus que ele chama de "minha igreja". Ao mudar o nome de Simão para Pedro, atribui a ele a tarefa de ser a rocha que dará solidez à comunidade nova daqueles que aderem a Jesus pela fé. Isso não é um reconhecimento de suas qualidades pessoais e naturais, mas ao que Pedro será. É um caminho vocacional que irá transformar Pedro, para a missão que é unir a todos em torno da Palavra de Deus e de sua misericórdia. Não se trata de um poder sem limites, mas é um poder de responsabilidade pastoral. No outro lado da História, temos o apóstolo Paulo, que é o grande responsável pela difusão do Evangelho. Transformado por Cristo em mensageiro, ele realiza com excelência a missão dos apóstolos serem testemunhas de Cristo. Ele é o apóstolo das nações. Ele teve seu nome mudado por Cristo, seduziu e se deixou seduzir, combateu o bom combate, completou a carreira, manteve a fé. Por causa de Paulo temos uma teologia jesuânica; para nós da América Latina e do Caribe, ela é da libertação, inculturada, próxima a nós. O que seria hoje combater o bom combate? Lutar pela justiça, pela verdade, contra o racismo, contra o fundamentalismo, contra o fanatismo, contra a discriminação, contra o machismo e contra todos os tipos de violência que impede sermos de fato, seres humanos. Pedro e Paulo são personagens com características bem diferentes, porém, com um mesmo intuito: fazer com que a mensagem de Jesus de Nazaré chegue a todos os corações. Neste dia se comemora na Igreja Católica, o dia do Papa; que nossas orações sejam para o querido e amado papa Francisco, no sentido que ele combata o bom combate, tenha força para pastorear suas ovelhas e continue sendo fiel à alegria do Evangelho, com seu testemunho de fé e vida, de levar a Igreja a se abrir cada dia mais, como intuiu o Concílio Ecumênico Vaticano II, se fazendo Igreja dos pobres, seguindo os passos do Mestre de Nazaré.
Emerson Sbardelotti
* BÍBLIA DO PEREGRINO. 2.ed. São Paulo: 2005.
**Arte: João Carlos Teixeira Junior (SP).
Emerson Sbardelotti
* BÍBLIA DO PEREGRINO. 2.ed. São Paulo: 2005.
**Arte: João Carlos Teixeira Junior (SP).
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