"Se levanta da mesa, tira o manto e, tomando uma toalha, cinge-a. A seguir, põe água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a secá-los com a toalha que tinha cingido" (Jo 13,4-5).
Em 1988, eu participava do grupo JEFAC (JOVENS EM FUNÇÃO DO AMOR DE CRISTO), da CEB Nossa Senhora do Magnificat, Jardim Marilândia, Vila Velha/ES. O grupo e a equipe de liturgia haviam se responsabilizado pela encenação da Semana Santa, indo do domingo de Ramos até o domingo da Páscoa.
Das celebrações, a que me gritava mais forte no coração era a do lava-pés!
A cena é muito forte: simples e reveladora.
A partir dela entendi qual era o meu papel no grupo de jovens, na paróquia e na sociedade como um todo: - "servir o meu próximo!"
Percebi que a ação simbólica de Jesus não era uma ação de poderes plenos, mas havia um enorme desejo de humildade: transformadora e inquietante.
Senti em meu coração, no silêncio, que Jesus lavava os pés de todos(as) que estavam presentes naquela celebração, e também aquelas que não estavam.
Pela primeira vez na vida ouvi a palavra DIACONIA, que significa serviço.
Jesus estava me mostrando como ser um diácono.
Lembrei-me que segundo o livro de Gênesis (cf. 18,4), oferecer água ao hospede que lavasse os pés, por causa da poeira do caminho, era um gesto cortês de quem recebia. Mas o ato de lavar os pés, não cabia ao dono da casa ou a um mestre; nenhum homem judeu lavava os pés de outro homem judeu, isto era um serviço para escravos pagãos.
As mulheres judias eram obrigadas a lavar os pés dos seus maridos.
Pude notar que o gesto de Jesus, a princípio, era escandaloso, principalmente para os discípulos que nada entenderam. Somente mais tarde, quando as primeiras comunidades começam a sofrer perseguições por parte dos judeus e do Império Romano é que se entenderá o profundo significado do gesto de Jesus.
O exemplo deste serviço humilde deve animar a vida de nossos grupos de base da PJ!
Não somos convocados para que nos sirvam, nossa missão está em servir sem esperar "obrigado" ou agradecimentos.
No final da celebração, envolto em meus pensamentos, me perguntava: - "você reparou que Jesus não tirou a toalha da cintura após secar os pés dos discípulos?"
Acredito que esta toalha tenha sido repartida com as outras peças de roupa que Ele usava, quando já estava na cruz. Não há comentários no próprio evangelho, que Ele tenha tirado ou depositado em algum lugar, deixando entender que a tenha usado até o final.
Emerson Sbardelotti
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
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