quarta-feira, 30 de julho de 2008

BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA IV

BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA IV

"Jesus empreendeu viagem com seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe. No caminho perguntava aos discípulos: - Quem dizem os homens que eu sou?" (Mc 8,27)

Fui convidado a assessorar um encontro de três dias numa paróquia do interior do Estado do Espírito Santo, sobre "A PRÁTICA LIBERTADORA DE JESUS".
Um dos instrumentos que utilizei para o trabalho em pequenos grupos, foi um livrinho do Frei Carlos Mesters publicado pelo CEBI, com o mesmo nome, mas: - simples, profundo, direto e esclarecedor.
O sub-tema do encontro: "QUEM É JESUS?"
No domingo celebraríamos Ramos; por estarmos nas dependências de uma escola agrícola, lembrei em silêncio, que Jesus era carpinteiro e agricultor, senti que seria um encontro gostoso de se viver, gostoso de praticar depois no cotidiano dos grupos de jovens.
Estávamos num total de 30 jovens.
Comecei dizendo, que sem dúvida, as duas perguntas que Jesus faz a seus discípulos, de certa maneira, nos causa um incômodo até hoje, agora mesmo!
- "Quem dizem os homens que eu sou?"
- "E vós, quem dizeis que eu sou?"
Um silêncio arrasador tomou conta do salão!
Estas perguntas nos desafiam!
Nestas perguntas, Jesus, tem uma preocupação velada à respeito da identidade messiânica (primeiro, porque, tinha curiosidade em saber sobre a opinião que o povo (homens e mulheres) tinha dele; segundo, pois, esperava do seu grupo de base, os seus amigos mais íntimos, os discípulos, uma resposta diferente da do povo comum).
O evangelista diz que eles estão no caminho que leva a Jerusalém, mas as perguntas são feitas em território pagão, onde os discípulos podem estar mais livres da pressão ideológica dos fariseus, da sociedade como um todo. Mesmo assim, e aí se percebe, aparece um certo descontentamento da parte de Jesus: os sinais messiânicos que deu não tiveram repercussão neles.
Cabe perguntar:
- "Nós, dos grupos de base da PJ, estamos neste caminho?"
- "Estamos prontos(as) para responder: - "Quem dizem os(as) jovens que eu sou?"
Com certeza as respostas a estas perguntas poderão não agradar aos coordenadores, aos assessores, e melhor que não agradem mesmo, mas devem ser respeitadas, nem tudo está perdido!
O que não vale é ficarmos espiritualizando os fatos históricos da vida de Jesus: sua encarnação, sua humanidade.
Se o grupo fizer uma leitura fundamentalista da Bíblia, distante da realidade que o cerca estará vivendo uma fuga!
A fuga sempre leva ao fracasso!
Alienação é fracasso!
Hoje, os meios de comunicação oferecem para os grupos de jovens um Jesus mercadológico. UM JESUS COM G!
G, de genérico! Jesus virou produto (= GESUS!)
Afinal, quem é Jesus?
É Jesus = Vida? Ou, Gesus = Fuga?

Emerson Sbardelotti
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

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