quarta-feira, 30 de julho de 2008

ROTEIRO DE ENCONTRO 1

Este roteiro de encontro foi elaborado para uma assessoria que fiz para coordenadores de grupos de jovens de Alfredo Chaves, no ano de 2003.

A PRÁTICA LIBERTADORA DE JESUS

UMA TENTATIVA DE DESCOBRIR NOSSAS ORIGENS:
1.1. Levantamento da história do grupo de base.
1.2. Cada participante fala o que sabe das suas origens, dos seus antepassados.
1.3. Quem é você e como chegou até aqui?

INTRODUÇÃO:
2.1. Quem é Jesus para Marcos, Mateus, Lucas e João?
2.2. Como Jesus é apresentado para nós?
2.3. Um novo jeito de entender a terra,o povo e a proposta de Jesus.
2.4. CHAVE DE LEITURA:
· Jesus se apresenta com sua mensagem ao povo.
· Jesus se coloca ao lado dos excluídos do sistema.
· Jesus nega e combate as divisões criadas pelos seres humanos.
· Jesus combate os males que estragam a vida humana.
· Jesus desmascara a falsidade dos grandes.
· Jesus propõe uma nova ordem.
· Obediente até a morte, Jesus revela o rosto do Pai.

AS MULHERES E JESUS DE NAZARÉ – Mc 7, 24-30 e Lc 15,8-10
3.1. Recontar e memorizar os textos.
3.2. Comentar qual a relação JUDEUS X GENTIOS?
3.3. Como apresentar os textos na plenária?

JESUS E A RELIGIÃO – Mt 21, 23-46 e Mc 12,13-17
4.1. Recontar e memorizar os textos.
4.2. Comentar a relação JESUS X SADUCEUS X FARISEUS!
4.3. Como apresentar os textos na plenária?

JESUS E O TEMPLO – Jo 10, 22-39 e Mc 11, 15-17
5.1. Recontar e memorizar os textos.
5.2. Qual é o posicionamento de Jesus em relação ao Templo? É opressão ou salvação?
5.3. Como apresentar os textos na plenária?

JESUS E OUTROS GRUPOS SOCIAIS – Mc 2, 13-17 e Lc 10, 25-37
6.1. Recontar e memorizar os textos.
6.2. Em que sentido o sacerdote e o levita satisfazem sua própria consciência mas não amam a verdade?
6.3. Hoje em dia os “pecadores” são discriminados? A quem discriminamos? Por quê discriminamos?
6.4. Como apresentar os textos na plenária?

JESUS E OS DISCÍPULOS – Mc 4, 27-38 e Jô 13, 1-20
7.1. Recontar e memorizar os textos.
7.2. Qual a relação JESUS X DISCÍPULOS/AS?
7.3. Como apresentar os textos na plenária?

QUESTÕES REFERENTES À TODOS OS GRUPOS DE TRABALHO:

A) Como os textos estudados ajudam a compreender a nossa realidade hoje?
B) Quem somos? Quem sou?
C) De onde viemos? De onde vim?
D) Qual a nossa identidade? Qual é a minha identidade?
E) Que mensagem libertadora podemos/posso tirar desse estudo?

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

· BÍBLIA DO PEREGRINO, Paulus, 2003.
· BÍBLIA DE JERUSALÉM, Paulus, 2003.
· TEB, Loyola, 1996.
· A PRÁTICA LIBERTADORA DE JESUS, Carlos Mesters, CEBI
· COM JESUS NA CONTRAMÃO, Carlos Mesters, Paulinas
· JESUS SEGUNDO O JUDAÍSMO, Vários, Paulus, 2002
· COMO LER OS EVANGELHOS, Paulus
· JESUS, SUA TERRA, SEU POVO, SUA PROPOSTA,ACO, 1988

Emerson Sbardelotti
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

* foto de Valcey Capixaba *

BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA VIII

BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA VIII

"Hoje nasceu para vós na cidade de Davi o Salvador, o Messias e Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura" (Lc 2,11-12)


Eis o grande milagre de Deus: a sua Encarnação/Ressurreição no meio de nós!
Tão simples assim, tão humano assim, só poderia ser Deus!
Qual é a nossa surpresa hoje, quando refletimos sobre a Encarnação/Ressurreição de Deus no meio de nós?
Outra pergunta: o que sinto de mais profundo neste fato, que queima e acende novas e velhas esperanças caladas dentro do peito?
E em você minha jovem, meu jovem?
Neste tempo litúrgico,a esperança brota do coração da(o) jovem que acredita que o mistério da encarnação do Verbo, e sua inculturação neste chão latino-americano, em toda a humanidade, deve ser celebrado como sacramento pascal.
É vida e alegria!
É o compromisso com a liberdade do povo, a liberdade que Jesus veio estabelecer.
No passado, o 25 de dezembro, era uma festa romana, portanto pagã, ao "sol invencível", que recebeu novo sentido: celebrar a memória da natividade de Jesus, o Cristo, "SOL DA JUSTIÇA"!
E como estão nossas crianças? Possuem ao menos uma manjedoura? E o que fazemos para mudar tal realidade?
Na maioria das vezes apenas falamos e escrevemos, o papel tudo aceita, e o que entra por um ouvido costuma sair pelo outro.
Nos preocupamos com a festa, os presentes e o local para colocarmos o presépio...Mas, isto é tudo?
Encontramos pessoas, que participam de comunidade, de grupos diversos, que não acreditam que o Filho de Deus fosse tão pobre assim, mas os evangelistas se preocupam, no nosso caso, Lucas, o grego, o médico, o companheiro de Paulo em sua segunda viagem missionária, em escrever aquilo que ouviram/ouviu das primeiras testemunhas.
É claro, que ligar Jesus à cidade de Davi, é assegurar a renovação da Aliança entre Deus e o seres humanos, é o cumprimento das Escrituras!
Se fez humilde, simples e jovial.
Se fez pobre, se fez ser humano.
É lembrar das palavras de Leonardo Boff, em sua obra - NATAL: A HUMANIDADE E A JOVIALIDADE DE NOSSO DEUS - Vozes, 1976: " O Natal revela o projeto que Deus se propusera a si mesmo. Deus quis comunicar-se de forma completa a um outro ser diferente dele. Dignou-se dar-se de presente a alguém. Não quis ficar unicamente Deus. O criador dispôs-se fazer-se também criatura ".
Convido você agora a ler esta obra e a viver em plenitude o Natal.
FELIZ NATAL. A PAZ ESTEJA COM VOCÊS!

Emerson Sbardelotti


Membro do Grupo de Assessores da PJ da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo

BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA VII


BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA VII


FESTA DE CRISTO REI: JESUS CRISTO, SENHOR DO UNIVERSO


Todos os anos, a Igreja comemora a Festa de Cristo Rei, encerrando assim o Ano Litúrgico e abrindo a casa para a salvação que vem. A Igreja se prepara para o Advento e o Natal do Senhor Jesus.

Na Festa de Cristo Rei, somos chamados, convocados, convidados a partilhar a vitória da justiça que aconteceu na ressurreição de Jesus. A única realeza que brilha é a justiça prometida por Ele, desejada por todo ser humano que luta por direito e por dignidade na vida; justiça, que em nosso Brasil, em nossos Estados, pouco se celebrou neste ano que está por findar...
O Evangelho nos apresenta Jesus como Rei e Juiz Universal, mas emprega a imagem de Pastor para mostrar o Mestre da Justiça, julgando a nós e a história que ajudamos a construir a cada dia.
A solidariedade e a partilha, são sinais da presença salvífica de Jesus no mundo; ser solidário é estar no caminho de transformação, partilhar é cultivar a esperança que insiste em dizer que a vida é viver.
Quem são os irmãos menores de nossas comunidades hoje? De nossa sociedade?
O que estamos fazendo para mudar a situação?
A Festa de Cristo Rei é a festa da vida em comum, da vida digna e fraterna.
Festejar a justiça em comunidade é festejar a vida.
Há um ditado popular que diz: "Em terra de cego, quem tem um olho é rei"...continuamos a pensar assim?
Somos felizes apenas quando levamos vantagem?
Não é este o sentido da Festa de Cristo Rei. O sentido é uma preparação, uma espera para o que virá.
E o que virá?
A Vida, a Vida!

Emerson Sbardelotti 
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA VI

"Nisso chegaram os discípulos e se maravilharam ao vê-lo falar com uma mulher. Mas ninguém lhe perguntou o que procurava ou por que falava com ela" (Jo 4,27).


Certa vez, lecionando Segundo Testamento, na Escola de Teologia para Leigos(as), da Paróquia Bom Pastor, em Campo Grande, Cariacica/ES, conversávamos sobre "A SITUAÇÃO DA MULHER NO TEMPO DE JESUS".
Eu dizia que a estrutura social era patriarcal, a mulher não tinha direitos. Como mãe, ela era respeitada, reverenciada e bendita por seus filhos homens, pois são presentes e bênção de YHWH.
No tempo de Jesus a mulher judia era considerada em tudo inferior ao homem. Poderia ser vendida como escrava, pelo pai, quando tivesse entre 6 e 12 anos e meio de idade.
A religião judaica era uma religião de homens.
Apesar de serem numerosas não contavam, por exemplo, num culto na sinagoga, só começava se tivesse no mínimo 10 judeus; mas eram obrigadas a cumprir todas as proibições da Lei, inclusive a pena de morte.
Havia uma oração que os judeus do século II d.E.C., faziam na sinagoga:
"Rabi Jehuda diz: devem ser feitas três orações diárias:
Bendito seja Senhor que não me fez pagão.
Bendito seja Senhor que não me fez mulher.
Bendito seja Senhor que não me fez ignorante.
Bendito seja Senhor que não me fez pagão:
Porque todas as nações diante dele são como nada (Is 40,17).
Bendito seja Senhor que não me fez mulher:
Porque a mulher não está obrigada a cumprir os mandamentos.
Bendito seja Senhor que não me fez ignorante:
Porque o ignorante não se envergonha de pecar".
Depois que escrevi no quadro esta "oração", uma mulher falou:
"Eles esqueciam que Deus é mãe também?"
Eu lhe respondi com uma outra pergunta:
"Não se tem tratado as mulheres da mesma forma hoje em dia?"
"Qual é a atitude de Jesus perante às mulheres?"
Ela respondeu:
"A atitude de Jesus é enfrentar a estrutura patriarcal, é a de iniciar um diálogo sincero, criar laços de amizade, ter discípulas não importando se são solteiras, viúvas ou casadas. As primeiras testemunhas da ressurreição são as mulheres-discípulas".
Nada mais falei, não havia o que dizer, aquela mulher simples do povo já havia dito tudo. Só comentei que na genealogia de Jesus encontramos cinco mulheres: - Tamar, Raab, Rute, Betsabéia e Maria (cf. Mt 1,1-17) que são precursoras da Promessa.
É bom lembrar sempre: - o argumento de uma mulher pagã prevaleceu sobre o de Jesus (cf. Mc 7,24-30).
E cabe perguntar: - "E nos nossos grupos de base da PJ, como tem sido esta relação – participação das jovens mulheres?"


Emerson Sbardelotti
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA V

BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA V

"Se levanta da mesa, tira o manto e, tomando uma toalha, cinge-a. A seguir, põe água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a secá-los com a toalha que tinha cingido" (Jo 13,4-5).


Em 1988, eu participava do grupo JEFAC (JOVENS EM FUNÇÃO DO AMOR DE CRISTO), da CEB Nossa Senhora do Magnificat, Jardim Marilândia, Vila Velha/ES. O grupo e a equipe de liturgia haviam se responsabilizado pela encenação da Semana Santa, indo do domingo de Ramos até o domingo da Páscoa.
Das celebrações, a que me gritava mais forte no coração era a do lava-pés!
A cena é muito forte: simples e reveladora.
A partir dela entendi qual era o meu papel no grupo de jovens, na paróquia e na sociedade como um todo: - "servir o meu próximo!"
Percebi que a ação simbólica de Jesus não era uma ação de poderes plenos, mas havia um enorme desejo de humildade: transformadora e inquietante.
Senti em meu coração, no silêncio, que Jesus lavava os pés de todos(as) que estavam presentes naquela celebração, e também aquelas que não estavam.
Pela primeira vez na vida ouvi a palavra DIACONIA, que significa serviço.
Jesus estava me mostrando como ser um diácono.
Lembrei-me que segundo o livro de Gênesis (cf. 18,4), oferecer água ao hospede que lavasse os pés, por causa da poeira do caminho, era um gesto cortês de quem recebia. Mas o ato de lavar os pés, não cabia ao dono da casa ou a um mestre; nenhum homem judeu lavava os pés de outro homem judeu, isto era um serviço para escravos pagãos.
As mulheres judias eram obrigadas a lavar os pés dos seus maridos.
Pude notar que o gesto de Jesus, a princípio, era escandaloso, principalmente para os discípulos que nada entenderam. Somente mais tarde, quando as primeiras comunidades começam a sofrer perseguições por parte dos judeus e do Império Romano é que se entenderá o profundo significado do gesto de Jesus.
O exemplo deste serviço humilde deve animar a vida de nossos grupos de base da PJ!
Não somos convocados para que nos sirvam, nossa missão está em servir sem esperar "obrigado" ou agradecimentos.
No final da celebração, envolto em meus pensamentos, me perguntava: - "você reparou que Jesus não tirou a toalha da cintura após secar os pés dos discípulos?"
Acredito que esta toalha tenha sido repartida com as outras peças de roupa que Ele usava, quando já estava na cruz. Não há comentários no próprio evangelho, que Ele tenha tirado ou depositado em algum lugar, deixando entender que a tenha usado até o final.


Emerson Sbardelotti
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA IV

BÍBLIA E LITURGIA: REFLEXÕES DA CAMINHADA IV

"Jesus empreendeu viagem com seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe. No caminho perguntava aos discípulos: - Quem dizem os homens que eu sou?" (Mc 8,27)

Fui convidado a assessorar um encontro de três dias numa paróquia do interior do Estado do Espírito Santo, sobre "A PRÁTICA LIBERTADORA DE JESUS".
Um dos instrumentos que utilizei para o trabalho em pequenos grupos, foi um livrinho do Frei Carlos Mesters publicado pelo CEBI, com o mesmo nome, mas: - simples, profundo, direto e esclarecedor.
O sub-tema do encontro: "QUEM É JESUS?"
No domingo celebraríamos Ramos; por estarmos nas dependências de uma escola agrícola, lembrei em silêncio, que Jesus era carpinteiro e agricultor, senti que seria um encontro gostoso de se viver, gostoso de praticar depois no cotidiano dos grupos de jovens.
Estávamos num total de 30 jovens.
Comecei dizendo, que sem dúvida, as duas perguntas que Jesus faz a seus discípulos, de certa maneira, nos causa um incômodo até hoje, agora mesmo!
- "Quem dizem os homens que eu sou?"
- "E vós, quem dizeis que eu sou?"
Um silêncio arrasador tomou conta do salão!
Estas perguntas nos desafiam!
Nestas perguntas, Jesus, tem uma preocupação velada à respeito da identidade messiânica (primeiro, porque, tinha curiosidade em saber sobre a opinião que o povo (homens e mulheres) tinha dele; segundo, pois, esperava do seu grupo de base, os seus amigos mais íntimos, os discípulos, uma resposta diferente da do povo comum).
O evangelista diz que eles estão no caminho que leva a Jerusalém, mas as perguntas são feitas em território pagão, onde os discípulos podem estar mais livres da pressão ideológica dos fariseus, da sociedade como um todo. Mesmo assim, e aí se percebe, aparece um certo descontentamento da parte de Jesus: os sinais messiânicos que deu não tiveram repercussão neles.
Cabe perguntar:
- "Nós, dos grupos de base da PJ, estamos neste caminho?"
- "Estamos prontos(as) para responder: - "Quem dizem os(as) jovens que eu sou?"
Com certeza as respostas a estas perguntas poderão não agradar aos coordenadores, aos assessores, e melhor que não agradem mesmo, mas devem ser respeitadas, nem tudo está perdido!
O que não vale é ficarmos espiritualizando os fatos históricos da vida de Jesus: sua encarnação, sua humanidade.
Se o grupo fizer uma leitura fundamentalista da Bíblia, distante da realidade que o cerca estará vivendo uma fuga!
A fuga sempre leva ao fracasso!
Alienação é fracasso!
Hoje, os meios de comunicação oferecem para os grupos de jovens um Jesus mercadológico. UM JESUS COM G!
G, de genérico! Jesus virou produto (= GESUS!)
Afinal, quem é Jesus?
É Jesus = Vida? Ou, Gesus = Fuga?

Emerson Sbardelotti
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

QUANTO TEMPO FAZ


QUANTO TEMPO FAZ

quanto tempo faz que a gente não conversa?
quanto tempo faz que juntos fomos a uma festa?
e todas aquelas brincadeiras de criança?
e todos os nossos sonhos?

encontrei um álbum antigo com fotos atuais
encontrei fotos antigas num álbum moderno
ficamos de braços cruzados
e se cruzaram no ar os nossos sorrisos

quanto tempo faz hein...
quanto tempo faz que somos amigos?
quanto tempo faz hein...
que deixamos de ser perseguidos?

a vida é mais simples quando estamos em perigo
a vida é mais simples quando encontramos no outro um abrigo
a vida é simplesmente vida
quando se sabe morrer por aquilo que se acredita

Emerson Sbardelotti
30 de julho de 2008
15:01
*direitos reservados*

* foto de Valcey Capixaba *

NÃO ME CULPE POR SONHAR


NÃO ME CULPE POR SONHAR

não me culpe por sonhar
não me culpe por querer acreditar
que com todos os espinhos e pedras
pela estrada podemos caminhar

não me culpe por sonhar
um outro novo mundo possível
mesmo com a violência incrível
que insiste em acabar

com cada sopro divino
com cada beijo sentido
com cada olhar partilhado
no momento único do abraço

não me culpe por sonhar
uma utopia poética
uma música tão bela
fazendo da lágrima uma aquarela

não me culpe por sonhar
com novos dias
toda volta tem a sua ida
é o lado feliz da vida

que insiste em fazer brotar
em me fazer acreditar
que para ser feliz
só é preciso amar

Emerson Sbardelotti
30 de julho de 2008
14:36
* direitos reservados *

* foto de Valcey Capixaba *

QUATRO MÃOS

QUATRO MÃOS

você apareceu na minha vida sem pedir licença,

sem nada dizer

e o meu mundo girou tão depressa

que não vi o tempo passar

você sorriu e eu respondi com uma canção

sem nada dizer, você saiu assobiando

e o seu mundo girou tão depressa

que eu não vi a noite chegar

eu não vou me proteger dos seus encantos

eu não vou deixar de tocar o meu rock'n'roll

se a ida é maravilhosa, a volta será melhor

meu abraço é quente, mas você é o meu sol

você me abraça e esqueço todos os problemas

você me escuta e já não rolam as minhas lágrimas

estamos no início de uma linda história de amor

e escreveremos a quatro mãos muitas páginas


Emerson Sbardelotti Tavares

05 de setembro de 2007

15:41

*direitos reservados*

sábado, 26 de julho de 2008

UM POUCO POR DIA

UM POUCO POR DIA

você me pede
um canção bonita
você me pede
aquela voz tão ativa
mas se esquece
que sou apenas humano
você quer o diabólico
mas dorme com o santo

você reclama
que estou bebendo muito
eu sou brasileiro
não desisto nunca
você chora
por eu estar me perdendo
eu sou brasileiro
estou sempre morrendo

um pouco por dia
hora após hora
você sorri e segue
eu chego e não vou embora
você lê o que escrevo
mas não consegue escrever
um pouco por dia
demora após demora

você me chama de poeta
outro dia de profeta
mas você se esquece
eu sou apenas humano
você me pede
uma antiga canção
simbólica, apócrifa
o amor é profano

Emerson Sbardelotti
27 de julho de 2008
01:47
*direitos reservados*

* foto de Valcey Capixaba *

terça-feira, 22 de julho de 2008

EU SÓ QUERIA ESTAR SEMPRE AO TEU LADO

EU SÓ QUERIA ESTAR SEMPRE AO TEU LADO

o mundo dá voltas
e a minha cabeça pira
em saber que você se foi
neste caminho sem volta
a ida não tem prestado

você deu tantas voltas
e eu já sabia o final
você pediu para eu ter cuidado
mas eu só pensava em sexo
e em não sair do seu lado

baby...eu vacilei com você
baby...eu estou pagando o preço
ninguém merece ser só
é a sina do não recomeço

o mundo dá voltas
e a minha cabeça pira
em saber que não irá voltar
nesta estrada a ida não tem prestado
é ruim voltar sem ninguém ao lado

você deu tantas voltas
e eu já sabia o final
você me pediu para ter cuidado
mas eu só queria ficar ao teu lado
eu só queria estar sempre ao teu lado

Emerson Sbardelotti
22 de julho de 2008
13:13
* direitos reservados *

segunda-feira, 21 de julho de 2008

POR CAUSA DAS ESTRELAS E DA LUA

POR CAUSA DAS ESTRELAS E DA LUA

por causa das estrelas e da lua

eu vim até aqui para lhe visitar

por causa do ar e das gaivotas

eu vim até aqui para lhe amar

mesmo sabendo dos seus problemas

mas trago soluções para os meus

se juntos caminharmos pela areia

iremos chegar onde ninguém chegou

ao coração um do outro: ao amor

ao amor brotado do peito ao vento

sem camisa e com os cabelos soltos

nossos sorrisos irão se encontrar

cada dia mais inocentes e felizes

vamos sair por aí e por todos os países


Emerson Sbardelotti Tavares

sexta-feira, 18 de julho de 2008

NÃO PERCA SEU TEMPO

NÃO PERCA SEU TEMPO

não perca seu tempo
se você não irá deixar recado
não perca seu tempo
se o endereço que lhe deram
foi o errado
não perca seu tempo
pensando que o cara é o melhor
namorado
a verdade baby
é que não existe verdade
não perca seu tempo
lendo as poesias dos outros
se ainda não conseguiu fazer as suas
não perca seu tempo
escolhendo o futuro como saída
se o seu presente é uma merda
não perca seu tempo
comprando roupas intímas
pensando que ele irá lhe notar
o fogo diminuiu baby
ou então ele arrumou outra
não perca seu tempo
tentando me criticar
por querer lhe ajudar
não perca seu tempo
sabendo que o tempo
nunca mais poderá voltar
não perca seu tempo
esperando o abraço amigo
ou o sorriso consolador
não perca seu tempo
pois a vida é uma só
e ninguém irá ter dó
quando você não mais
servir para nada

Emerson Sbardelotti
18 de julho de 2008
16:39
*direitos reservados*

* foto de Valcey Capixaba *

ENGANO

ENGANO

eu quero dizer a verdade
pois cansei das suas mentiras
eu quero ver você cair
e nunca mais levantar
estarei sorrindo
vendo você chorar
nestas noites quentes
meu coração está gelado
não sinto nenhuma emoção
se você passar do meu lado
pagarei a multa
mas não vou parar no sinal

não quero mais saber
dessas histórias idiotas
a partir de agora
inventarei a minha rota

meu inferno é o teu amor
graças à Deus acabou
eu quero cantar o que gosto
eu quero tentar e posso
vou acreditar em mim mesmo
e parar de viver a esmo
e para isso não mando recado
você foi o meu engano e pecado

a primavera está acabando
espero o inverno chegar
no outono vou secar
no verão aproveitar
dizendo a verdade
quero ver você dançar
baby, você vai dançar

Emerson Sbardelotti

ACERTAR E ERRAR

ACERTAR E ERRAR

sonhos que não saem da minha cabeça
sonhos que fazem que a realidade aconteça
eu quero gritar para que o mundo amanheça
e que a paz seja uma certeza

eu vou cantar aquele blues do Barão Vermelho
eu vou escrever pensando no Renato Russo
vou praticar o amor que tenho no peito
vou viver minha juventude de todo jeito

mantendo a atenção no caminho
compreendendo que toda ida tem volta
por mais que demore a vitória
não desistir é fazer a História

e para quem tem memória
sabe que o bom de se estar vivo
é poder arriscar, acertar e errar
amor, amor, amar, amar, amar...

Emerson Sbardelotti

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O MAL

O MAL

O mal da gente,
é querer o mal dos outros.
O mal dos outros,
é não saber quem é o próximo.
O mal do próximo é acreditar,
que é o fim...
O mal do fim é saber,
que não vai começar.
O mal do começar,
é não perceber o meio.
O mal de estar no meio,
é sentir-se dividido.
O mal de dividir é não partilhar.
O mal de não se partilhar,
é não perceber o quanto falta:
para muitos...
O mal de muitos,
é saber que poucos mandam.
O mal de poucos é a solidão.
O mal da solidão é não querer ninguém.
O mal de ninguém é não existir.
O mal de existir é não ser um ser humano.
O mal do ser humano,
é querer ser Deus!
E quando se quer ser Deus,
a Criação toda sofre...
O mal de sofrer,
é não saber sorrir.
E quando não se pode sorrir,
é porque os sonhos se acabaram.
Se os sonhos se acabaram,
que vantagem se tem em viver?
E quando não se sabe viver,
que bem poderá se encontrar?
O mal de não se encontrar,
é ter a certeza,
de que ainda não sabemos,
a importância do verbo amar.
O mal de se amar,
é ter consciência de errar.
E mesmo assim,
recomeçar.
E não desistir...
E sempre lutar...
E exterminar todo o mal,
que contamina
o que de melhor
podemos plantar.
E se plantamos,
um dia iremos colher.
Há dois caminhos:
mas só um,
se pode escolher.
E aí, como vai ser?

TAVARES, Emerson Sbardelotti. UTOPIA POÉTICA. São Leopoldo: CEBI, 2007.

terça-feira, 8 de julho de 2008

HOMENAGEM A PEDRO

HOMENAGEM A PEDRO

Pedro: Dom!

Espanhol latino brasileiro,

catalão afro-latíndio,

Casaldáliga dos mártires...

sua fé,

é um canto de amor.

sua vida

nos ensina o que é viver

no viver do Nosso Senhor.

Pedro: pedra

Dom da gente...

do povo lascado...

que vai em romaria,

que vai de canoa

por águas calmas,

por águas tempestuosas.

Dom da mística,

Dom da espiritualidade:

que sua memória não nos deixe dormir em paz!

Pedro: povo!

A caminhada é longa:

cruzes na estrada,

estrada da vida que muitos não sabem andar

e partilhar o que é bom.

Dom de Tupã,

Dom que anda

entre os Tapirapé e os Karajá.

Dom: do respeito aos Orixás!

Dom da Paz!

Que desta terra sofrida, seca, destruída,

insiste em brotar.

Dom dos rios,

Dom dos Pampas,

Dom do Sertão...seu sorriso faz sorrir

quem acredita que viver é o melhor risco de vida!

Dom: Pedro Poeta!

Casaldáliga alegria!

Teu coração bendiz...bendiz teu nome:

Casa...

Casaldáliga...

Casa de um Deus Mártir- mulher, indígena e negro -

casa que entramos e saimos:

felizes e preenchidos.

Bispo Jovem,

como jovem é esta homenagem...

que vai sobrevoando o mar, o rio, a cascata e o sertão.

Pedro Cantador,

Casaldáliga Dom,

humilde servidor,

amigo também...

que São Félix do Araguaia interceda e te abençoe Deus...amém!


12 dezembro de 2002

dia de Nossa Senhora de Guadalupe, celebrando com D. Pedro Casaldáliga, o ofício divino das comunidades, em sua humilde casa na Prelazia de São Félix do Araguaia/MT.


Emerson Sbardelotti

BINO SANTO

BINO SANTO

ô Iaiá, ô Iaiá

vou louvar São Benedito

vou bater tambor

na beira do mar

a minha alegria, o meu amor

fui abençoado por Nosso Senhor

a banda de congo vai animando a festa

fazer o bem é o que me resta

aos seus olhos graças recebi

mesmo rouco e cansado estou aqui

ô Iaiá, ô Iaiá

vou bater tambor

vou louvar São Benedito

na beira do mar


Emerson Sbardelotti

sábado, 5 de julho de 2008

A HORA

A HORA

penso em você
mesmo sem querer
naquela antiga canção
do amor que ficou escondido

penso em você
mesmo sendo a vontade
ou não querendo pensar
o inferno está em outro lugar

penso em você
sabendo que o blues
não irá poder expressar
a lágrima sentida

hoje, pior do que ontem
enfrento a despedida
com certeza eu não vou embora
se você ficar, será a hora

Emerson Sbardelotti

NO MEIO DA SALA

NO MEIO DA SALA

no meio da sala
encontraremos lembranças
de um tempo bom
que se foi
agora é somente um oi

no meio da sala
e longe dos teus braços
o poeta escolhe o melhor verso
na esperança do abraço certo
e que nunca mais saia de perto

mas você agora está em outra
a chave continua debaixo do tapete
o mundo é estranho quando se está sozinho
viajar se torna chato demais
solidão acaba com a minha paz

mas você agora está com outro
e por mais que o ciúme me consuma
as flores nunca foram do mal
no meio da sala nossos olhares
no meio da sala...

Emerson Sbardelotti