Evangelho do Dia (13/09/2016) - João Crisóstomo, bispo e pai da Igreja, Constantinopla, século 4 - Lc 7,1-10*:
"Ele foi em seguida a uma cidade chamada Naim. Seus discípulos e numerosa multidão caminhavam com ele. Ao se aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um morto, filho único de mãe viúva; e grande multidão da cidade estava com ela. O Senhor, ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe 'Não chores!'. Depois, aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse ele, então: 'Jovem, eu te ordeno, levanta-te!'. E o morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: 'Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo'. E essa notícia difundiu-se pela Judeia e por toda a redondeza".
No Evangelho de hoje Jesus de Nazaré tem misericórdia e se compadece de uma mãe, viúva, que perde seu único filho. Por ser mulher não tinha direitos na sociedade judaica daquele tempo, sendo viúva, as privações eram ainda maiores, e sem o único filho, a situação desta mulher era insuportável. Jesus de Nazaré vê na multidão que acompanha o cortejo fúnebre, que mãe e filho eram amados e intervêm. Ele sabe o que aquela mulher irá sofrer. Ele devolve a vida àquele jovem. Ele entrega o filho à sua mãe...No momento da cruz, Jesus de Nazaré fará o inverso: entregará sua própria mãe para o discípulo amado, para que não fique sozinha e desamparada. Será que em nossas comunidades as mães que perdem seus filhos e filhas são cuidadas da mesma forma que a mãe do Evangelho? Quantos filhos e filhas estamos devolvendo às suas mães em nossas comunidades? Ou será que nós estamos reproduzindo a exclusão, a discriminação, o desinteresse pelo ser humano. Somos capazes de ter misericórdia, de ter compaixão com a realidade que está em nossa frente, batendo em nossas portas? Somos capazes de nos comover perante a dor do outro? Se não somos capazes de nutrir compaixão e misericórdia por um irmão, por uma mãe que sofre, de nada vale o nosso batismo, os nossos sacramentos adquiridos, nosso título de cristãos e cristãs. Somos hipócritas. Hipocrisia é também uma forma de violência.
A Igreja festeja hoje João Crisóstomo, que nasceu em Antioquia. Foi educado pela mãe após a morte precoce do pai, recebeu o batismo por volta dos 18 anos. Se dedicou à ascese e ao estudo bíblico. A maioria de suas homilias era comentários a respeito do Primeiro e do Segundo Testamento. Ele explicou o Gênesis, comentou Isaías e os Salmos. O que fazia com mais agrado era pregar o Evangelho. Teceu longos comentários sobre o de Mateus e o de João. Paulo era o seu autor preferido; sentia afinidade com o Apóstolo dos gentios. De João Crisóstomo resta-nos uma série de catequeses batismais, que preparavam os catecúmenos para o batismo. As últimas foram reencontradas em 1955, no monte Atos. Inúmeras vezes João Crisóstomo tomou a defesa dos pobres e dos infelizes, dos que morriam de fome e sede; ergueu com veemência sua voz contra os flagelos sociais, o luxo e a cobiça. Lembrou a dignidade do ser humano, mesmo pobre, e os limites da propriedade. Dizia: "Libertai o Cristo da fome, da necessidade, das prisões, da nudez!".
Emerson Sbardelotti
(em 13 de setembro de 1972, a 44 anos atrás, começava a minha história neste mundo...que Deus continue me abençoando a servir e defender a vida do povo)
* A BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.
** Arte: Cerezo Barredo
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