Faleceu nesta manhã em Curitiba, 30/01/2014, durante uma atividade apostólica (orientação de um retiro), o Moreno de Nazaré chamou para si o amigo, professor, mestre e doutor em Teologia de varias gerações de pensadores e uma das mentes mais brilhantes da Teologia da Libertação e da Igreja Católica Apostólica Romana: Padre João Batista Libanio, sj. O enterro será em Belo Horizonte. Daqui poucos dias o professor Libanio completaria 82 anos.
Nesta manhã, Padre Libanio levantou-se bem, nadou na piscina, tomou o café e se dirigiu para a sala, onde iria fazer a motivação matinal do retiro das Irmãs de Sion, em Curitiba. Ouviu-se um grito. Ao que parece, um ataque cardíaco fulminante. Faleceu momentos depois.
Tive o imenso prazer de ter sido seu aluno, de mandar para ele meus livros e minha monografia sobre a Ecoteologia da Libertação, e ele sempre com muito humor e carinho me dizia que eu estava no caminho certo. Em nossa última conversa, dias antes de começar a Ampliada Nacional da Pastoral da Juventude, falávamos sobre a juventude, sobre o processo da educação da fé e ele sempre me pedia, me dizia isso: "que tenham coragem de lutar por uma pastoral livre, corajosa e libertadora"!.
Obrigado professor querido por tudo o que semeou entre nós...a Teologia e a Teologia da Libertação perde um de seus maiores mantenedores do diálogo e do respeito.
Emerson Sbardelotti
ENTREVISTA COM JOÃO BATISTA LIBÂNIO
Nesta manhã, Padre Libanio levantou-se bem, nadou na piscina, tomou o café e se dirigiu para a sala, onde iria fazer a motivação matinal do retiro das Irmãs de Sion, em Curitiba. Ouviu-se um grito. Ao que parece, um ataque cardíaco fulminante. Faleceu momentos depois.
Tive o imenso prazer de ter sido seu aluno, de mandar para ele meus livros e minha monografia sobre a Ecoteologia da Libertação, e ele sempre com muito humor e carinho me dizia que eu estava no caminho certo. Em nossa última conversa, dias antes de começar a Ampliada Nacional da Pastoral da Juventude, falávamos sobre a juventude, sobre o processo da educação da fé e ele sempre me pedia, me dizia isso: "que tenham coragem de lutar por uma pastoral livre, corajosa e libertadora"!.
Obrigado professor querido por tudo o que semeou entre nós...a Teologia e a Teologia da Libertação perde um de seus maiores mantenedores do diálogo e do respeito.
Emerson Sbardelotti
ENTREVISTA COM JOÃO BATISTA LIBÂNIO
EM ABRIL DE 2002
João Batista Libânio, padre jesuíta, teólogo, educador e escritor, Belo Horizonte/MG
Esta entrevista foi concedida ao Jornal ESPERANÇA JOVEM, da Pastoral da Juventude, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Cobilândia, Vila Velha-ES.
Entrevistado por Emerson Sbardelotti Tavares
EMERSON – O que é a Teologia da Libertação? É a única teologia da América Latina? É a melhor?
LIBÂNIO: A Teologia da Libertação é, antes de tudo, uma libertação da Teologia. Ela quer ser uma teologia para a nossa situação e não simples xerox da teologia de outros países. Ao querer ser uma teologia para a América Latina, ela parte dos problemas da América Latina. Ora o maior problema que nós vivemos é a situação de opressão, de exploração das grandes massas populares. E a única maneira de superar uma situação de dominação é lutar pela libertação. Queremos, como cristãos, embarcar nessa luta pela libertação dos pobres, motivados e iluminados pela nossa fé.
A TdL é a teologia que motiva e ilumina o cristão na luta pela libertação. Por isso se chama Teologia da Libertação. Ela não organiza, nem faz a libertação. Isso fazem os homens e mulheres que estão lutando. Ela quer simplesmente ajudar esses homens e mulheres, que são cristãos, a verem o que a sua fé diz sobre tal luta, motivando-a, iluminando-a, criticando-a nos pontos em que possa ter entrado algo de anti-cristão. O papel da TdL é muito importante para sustentar a fé do cristão comprometido. Pois vimos com tristeza no passado muitos cristãos que, ao engajarem-se na luta, perderam a oposição entre fé e política, entre fé e luta libertadora, entre fé e compromisso social. Mostrar isso é uma das maiores tarefas da TdL.
Ela não é a única teologia da América Latina, mas aquela que nasceu aqui e se orienta para a nossa situação. Não se trata de comparar mas de ver sua relevância e pertinência para nossa situação latino-americana.
EMERSON – As CEBs são ainda um fenômeno ou não representam mais um novo jeito de ser Igreja?
LIBÂNIO: As CEBs são ainda verdadeiro jeito de ser Igreja. Mas há vários tipos de CEBs. Há aquelas que amadureceram. Há outras que fraquejaram e outras que desapareceram.
As CEBs têm manifestado uma capacidade criativa no campo da liturgia precisamente lá onde o ministro ordenado não chega regularmente. Elas continuam revelando um compromisso libertador, firme e decidido, sem talvez a aura militante de outras décadas, mas não menos sério e eficiente. Enfim, aí esta a vida das CEBs em sua beleza simples e corajosa.
EMERSON – Num mundo globalizado e globalizante, qual é o cenário de Igreja que sobressai atualmente na América Latina e Brasil?
LIBÂNIO: Predomina ainda na Igreja Católica, o cenário da Instituição. A preocupação interna com sua estrutura ainda é muito acentuada. No entanto, há sinais de um forte sopro carismático que vivifica toda a Igreja e flexibiliza suas instituições. Há crescente apreço à Palavra de Deus, às liturgias da Palavra, ao estudo da fé. E também ainda permanece animador em muitos setores da Igreja um entusiasmo no compromisso com o processo libertador dos pobres.
EMERSON – O que deve representar o estudo da teologia para a PJB? E o que a PJB deve representar para a teologia?
LIBÂNIO: Muito. A teologia é a busca de intelecção de fé. Na idade jovem se é mais exigente quanto as razões para crer. Deixa-se de ser criança que freqüenta a religião pelas mãos dos pais. Agora o jovem anda com suas pernas. Em termos de fé, significa aprofundá-la. E para fazê- lo, nada melhor que a teologia. E, por sua vez, a teologia também deve levar em consideração as perguntas que os/as jovens lhe levantam. Eles/as são como a febre do organismo da sociedade. Revelam a existência da infecção sem talvez apontar para qual ela seja exatamente. E a teologia percebendo tal aviso e alarme mergulha no problema e aprofunda.
EMERSON – Qual a mensagem que o sr. daria para os nossos grupos de base da PJB?
LIBÂNIO: Num mundo de desesperança e desânimo, ser um sinal de coragem e engajamento. Num mundo que só valoriza o presente, acreditar no futuro, forjando utopias. Num mundo hedonista, mostrar que o verdadeiro prazer está na entrega de si aos outros. Num mundo de corrupção política, exercer vigilante controle sobre a administração pública para evitar a malversação dos bens públicos. Num mundo de violência, revelar a liberdade e transparência acolhedora da tolerância e do amor. Enfim, anunciar em palavras e ações que é possível criar uma sociedade alternativa a esta que aí está, começando já no seu meio juvenil o ensaio do mundo futuro de fraternidade, igualdade, acolhida, paz e amor.
EMERSON – Pe. Libânio, nas comemorações de 75 anos de tua existência só temos agradecer a sua valiosa contribuição para o crescimento de nossos jovens, de nossas jovens na caminhada de PJB. Muito obrigado!
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