Evangelho do Dia (29/06/2016) - Mt 8,28-34*:
"Chegando ao outro lado, no território dos gadarenos, dois endemoninhados saíram dos túmulos e foram ao encontro dele. Eram tão violentos, que ninguém podia passar por esse caminho. Eis que começaram a gritar: 'O que queres de nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?' A certa distância deles estava pastando grande manada de porcos. Os demônios lhe suplicavam, dizendo: 'Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos'. Jesus lhes disse: 'Vão'. Eles saíram e entraram nos porcos. E toda a manada lançou-se precipício abaixo em direção ao mar, e morreu nas águas. Os que cuidavam dos porcos fugiram, e chegando à cidade contaram tudo, também o que tinha acontecido com os endemoninhados. Eis que a cidade toda saiu ao encontro de Jesus. Vendo-o, suplicaram-lhe que se retirasse do território deles".
O Evangelho de hoje é marcado pela simbologia: Jesus de Nazaré está em território pagão. Geograficamente a região de Gadara se estendia ao longo da costa leste do lago da Galileia. Embora a região seja pagã, não se diz que os personagens o sejam. Ele leva a salvação para todos e todas, não importa o lugar. Na época de Jesus de Nazaré se entendiam por demônios: os espíritos imundos, maus, que geralmente produzem enfermidades ou possuem o ser humano. Não induzem ao pecado nem levam à condenação, porém, podem levar a perder a fé. Nos Evangelhos aparecem sempre personificados: reconhecem, falam, pedem, habitam e saem. São figuras culturais que indicavam forças externas ao ser humano, o impedindo de agir com autonomia. Os demônios reconhecem Jesus, e o chama por um de seus títulos que a comunidade lhe atribui depois da Ressurreição: Filho de Deus. Tal profissão de fé saída da boca dos demônios é forçada, impotente e medrosa. Jesus liberta aquelas duas pessoas dos demônios, enviando-os, a pedido dos mesmos, para os porcos, animais impuros para os judeus. Os judeus consideravam os romanos como porcos. O precipício, o mar simboliza a morada do impuro, da perdição. O mal retorna ao seu lar. Está implicita nesta parte do Evangelho a vontade ainda que distante de verem os romanos voltarem de onde vieram e deixarem em paz Israel, o que não aconteceu. Os dois que estavam endemoninhados, agora estão livres, porém, isso não é motivo de alegria para o restante da cidade. O que interessava para aquela cidade não era a libertação de seres humanos, mas o lucro que estaria perdendo com a morte dos porcos. A ação salvífica de Jesus de Nazaré é rejeitada em função da economia de mercado, pois essa ação, altera a ordem social estabelecida mexendo com interesses pessoais. E hoje, estamos dando mais atenção e nos deixando guiar pela economia de mercado ou pela ação salvífica de Jesus de Nazaré?
Emerson Sbardelotti
*NOVA BÍBLIA PASTORAL. São Paulo: Paulus, 2015.
** Arte: Adélia Carvalho e Domingos Sávio.
** Arte: Adélia Carvalho e Domingos Sávio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário