Sobre o Padre José Comblin, saudade e satisfação em poder ter tido a oportunidade de ouví-lo e abraçá-lo.
Nunca foi apenas um teórico pesquisador, muito menos se considerava um profeta, mas sua teoria e profecia, nascia da prática cotidiana no meio do Povo de Deus.
Suas polêmicas tinham o doce sabor da rebeldia não violenta aprendida e experimentada no Moreno de Nazaré, e com o povo a quem pastoreava em suas aulas, nas paróquias por onde passou.
Quando esteve aqui em Vitória - ES, por duas vezes, tive a oportunidade de ver este, que sem dúvida é, era, um dos maiores Teólogos (sim, com T maiúsculo, pois tem uns aí que não deveriam ser chamados de teólogos) da Libertação e da Igreja, que eu conheci, e o povo simples, neste estou presente, sempre o chamei de Padre José.
Uma perda para as Cebs, uma perda para o Povo de Deus.
Padre José Comblin era um inquieto, sem medo das perseguições sofridas pelos poderosos deste país. Saiu quando foi preciso sair, voltou quando foi preciso voltar, mas sua voz nunca se calou.
Essa é a missão de um grande missionário e discípulo, que se fazia o menor entre todos os outros.
Estamos testemunhando, nestes 10 anos do século XXI, o fim da grande geração de Teólogos da Libertação. Fim, não somente porque estão atingindo uma maior idade, mas porque quem chega da academia, não está preocupado em escrever, em experimentar esta Teologia que é afrolatíndia americana. E quem irá levar para frente o legado construído durante esses últimos 40 anos?
Folheando as páginas de alguns livros que tenho do padre Comblin, vejo que apesar dos seus bem vividos 88 anos, ele estava muito além do nosso tempo, sem contudo, perder a ternura e o amor com os pobres do Reino.
Comblin, querido Padre José, muito obrigado, por não se calar e por ensinar a não nos calar.
Emerson Sbardelotti
Coordenador do Instituto Capixaba de Juventude do Espírito Santo
Vila Velha-ES
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