NOSSA ESPIRITUALIDADE BÍBLICO-LITÚRGICA
4º. DOMINGO DA QUARESMA – 22.03.2009
“A LUZ VEIO AO MUNDO, E OS HOMENS PREFERIRAM AS TREVAS À LUZ.”
“E quem quer viver unida sua vida à de Jesus, não terá outro caminho: pela cruz se chega à luz!” Pe. José Weber, Hinário Litúrgico 2 – CNBB, Paulus.
Para início de conversa
Este Evangelho é o do encontro entre Nicodemos e Jesus, são pessoas que se estimam, mas estão em campos totalmente diversos, e recebemos o anúncio de sua paixão e manifestação de amor ao mundo. No passado do povo de Jesus, Deus pediu a Moisés que colocasse uma serpente de bronze num estandarte; a serpente foi um sinal de libertação para o povo no deserto, os mordidos de serpentes se curavam pela fé ao olharem para ela. Este ato livrava o povo de uma morte repentina,para a comunidade, este sinal é Jesus, que crucificado dará a vida eterna. A comunidade de João revendo sua caminhada nos diz que Deus enviou seu Filho ao mundo, não para condenar, mas para que o mundo seja salvo por ele. Porém, os homens preferiram as trevas à luz. O amor de Deus, que se manifestou em Jesus, foi rejeitado.
A elevação de Jesus na cruz é um julgamento. Neste confronto, o mundo se divide entre os que aceitam a luz e os que a rejeitam; pois, não é fácil encarar a vida nesta luminosa claridade. O Filho faz a obra do Pai, quem permanece nele, deverá também, todos os dias da vida, fazer as suas obras.
Nicodemos está amarrado ao que é antigo, não consegue aceitar o radicalmente novo de Jesus, por isso em sua busca, ele questiona, mas não se decide. De um lado são colocados os problemas, as convicções e a mentalidade de Nicodemos e de um outro lado as argumentações e a proposta de Jesus. O que falta a Nicodemos?
Contextualizando a vida com o Evangelho do Dia do Senhor – Jo 3, 14 - 21.
O Evangelho começa a partir do memorial do povo no deserto, no tempo de Moisés, em que este precisou levantar uma serpente de bronze sobre um poste, quem fosse mordido por uma cobra venenosa, ao olhar para a serpente ficava curado. A ligação com o que vai acontecer com Jesus é direta: ao morrer crucificado, trará a luz que cura a todos, a todas. Para a comunidade, Jesus é a fonte de toda vida e salvação. No diálogo com Nicodemos, (um mestre em Israel, membro do Sinédrio, mesmo ignorando um monte de coisas, ele não entenderá a principio a mensagem de Jesus, ao permanecer no Sinédrio também será cúmplice da morte de Jesus, entenderá as palavras do Carpinteiro muito tarde, quando Jesus já estava morto) lhe dirá que Deus ama a todos sem distinção. Ele ama o mundo: a humanidade toda, que é capaz de aceitar e rejeitar este amor de Deus. Deus é bom, infinitamente bom, quer salvar em plenitude todos os aspectos da vida. E esta plenitude se realizou na encarnação e também na morte de Jesus. Jesus é o amor do Pai levado às últimas conseqüências. Por meio da fé, todos se salvarão em Jesus.
A palavra krisis, do grego, significa julgamento/condenação e distinção/separação. A luz de Jesus manifesta a realidade do ser humano, e também a realidade da fé que se traduz em obras feitas como Deus quer. A vida de Jesus provoca as pessoas à decisão. Para os judeus do tempo de Jesus, pensava-se que o julgamento se daria no final dos tempos, quando os vivos e os mortos se apresentariam no tribunal de Deus. Para a comunidade joanina, o julgamento se dá aqui e agora no confronto das pessoas e da sociedade em quem vivem com a pessoa e a prática libertadora de Jesus. Estar a favor de Jesus é estar a favor da vida. Não estar com Jesus é estar com a morte. Jesus não julga nem condena, mas provoca o julgamento de Deus. O julgamento vem dos seres humanos.
Se optamos pela vida não seremos julgados.
Se optamos pela morte já estamos julgados e condenados, pois não se aderiu ao nome do Filho único de Deus. O nome de Jesus significa Deus Salva. Quem acredita neste nome é a favor da vida em todas as suas expressões.
Devemos agir sempre conforme a verdade que é Jesus. Aquele que é fiel ao projeto do Pai até o fim.
Emerson Sbardelotti
Autor de O MISTÉRIO E O SOPRO – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens. Brasília: CPP, 2005.
Autor de UTOPIA POÉTICA. São Leopoldo: CEBI, 2007.
Membro do Grupo de Assessores da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.
Aluno de Teologia do Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo – IFTAV.
Msn: emersonpjbes@hotmail.com
Blog: http://omisterioeautopia.blogspot.com/
Ilustração de Maximino Cerezo Marredo (http://servicioskoinonia.org/cerezo/)