PARTILHA DA PALAVRA –
HOMILIA
Tenho a oportunidade de ser
convidado para fazer a Partilha da Palavra – Homilia em muitas comunidades
eclesiais de base e paróquias, e sempre que isso acontece, com muita humildade
e alegria, me preparo com muita antecedência para dar o melhor de mim, pois
entendo que uma Partilha bem feita produz bons frutos para aquela comunidade
reunida em torno da Palavra de Deus. Tomo o cuidado de conhecer a realidade
daquela comunidade, daquela paróquia, suas vitórias, suas derrotas, alegrias e
tristezas. Procuro sempre falar de forma simples, independente da instrução
escolar da assembleia.
Nesta preparação, além da Bíblia de
Jerusalém, do Peregrino, TEB e a Pastoral, utilizo as reflexões da Revista Vida
Pastoral, muitos livros com comentários bíblicos e o livro Roteiros
Homiléticos, do padre José Bortolini.
No caminho para o local da
celebração agradeço a Deus por estar servindo ao Povo enquanto homiliasta,
enquanto ministro da Palavra, e peço a Ele para falar por mim enquanto estiver
conversando com as famílias cristãs ali reunidas.
Muitas pessoas me perguntam: como
fazer uma boa partilha da Palavra – Homilia? Quanto tempo deve ter? Digo sempre
a anedota que D. Pedro Casaldáliga, um dia em sua casa, em São Félix do
Araguaia-MT, quando eu lhe perguntei quanto tempo deve demorar uma homilia?
Pedro me disse: “Os 5 primeiros minutos é Deus falando por você. De 5 a 10
minutos é você falando para a assembleia. Dos 10 minutos em diante é o espírito
de porco...”. Ri muito com ele neste dia e entendi a mensagem.
Acredito que o segredo para uma boa Partilha
está na preparação que você faz para realizá-la.
Por estar sempre me preparando com
antecedência, observo sempre aquela leitura que possa ser um pouco mais
complicada e a melhor forma de explicá-la à assembleia me detendo um pouco mais
nela, mas não deixo de falar das outras fazendo a ponte com a realidade da
comunidade. O Evangelho do dia sempre tem um maior destaque!
Para ajudar meus amigos e amigas e a
você que me curte e me segue nas redes sociais eu escolhi alguns trechos de
livros, com pessoas que são especialistas em Liturgia e que de forma simples
podem nos ajudar a entender um pouco melhor a arte de fazer a Partilha da
Palavra – Homilia.
É apenas um aperitivo o texto que
segue. Haverá algumas repetições, no geral, as informações irão lhe ajudar a
entender um pouco melhor a Partilha da Palavra – Homilia. Uma dica valiosa:
busque ler os livros citados nas notas de rodapé do texto. No final do texto há
algumas questões para reflexão pessoal ou em grupos.
Boa leitura! E se gostar pode
compartilhar com todos os seus contatos. Havendo dúvidas entre em contato.
Que o Moreno de Nazaré sempre lhe
abençoe e lhe inspire na defesa da Vida!
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Maria de Lourdes Zavares diz que “a Liturgia da
Palavra é diálogo amoroso e comprometedor entre Deus e seu povo, congregado em
Cristo e animado pelo seu Espírito.
A homilia, como parte integrante
deste diálogo, merece nossa atenção.
Homilia significa conversa familiar.
Um diálogo fraterno, continuando o assunto da conversa que Deus vem fazendo
conosco através das leituras e dos fatos da vida. Ela tece harmoniosamente uma
relação entre a Bíblia, a celebração e a vida. Estabelece um elo entre a
proposta de Deus e a resposta da assembleia.
A homilia é ação simbólica assim
como cada momento da Liturgia da Palavra.
Homilia não pode ser confundida com
sermão, discurso temático ou pregação com caráter moralizante. Não é estudo
bíblico ou catequético nem reflexão e, muito menos, deve ser substituída por
desabafos pessoais de quem a faz.
Não basta simplesmente explicar os
textos bíblicos. É preciso interpretá-los a partir da realidade, atualizando-os
na vida concreta da comunidade celebrante, tendo como referência o mistério de
Cristo. Ele faz arder os corações, abrindo-os à conversão, à transformação
pessoal, comunitária e social”[1].
Ione Buyst nos diz que “a Palavra de Deus é
sempre viva e atual. Traz uma boa notícia, um conforto, um alento, alegria,
esperança, e também um apelo, um chamado à conversão e à missão, em cada
momento de nossa vida. Por isso, as leituras bíblicas são meditadas,
comentadas, confrontadas com os fatos de nossa vida pessoal, comunitária,
social. Relacionar Bíblia e Vida é tarefa da homilia, numa conversa familiar,
de irmãs e irmãos prestando atenção àquilo que o Senhor nos tem a dizer.
É tarefa ainda da homilia de nos
preparar para a segunda parte da celebração, ligando as leituras bíblicas com o
mistério celebrado na Eucaristia ou na louvação.
A homilia é da responsabilidade de
quem preside. Às vezes é conduzida em forma de uma conversa comunitária,
deixando aberta a participação do povo.
Existe a possibilidade de se retomar
a temática das leituras bíblicas e da homilia, com um canto após
a homilia”[2].
Maria de Lourdes Zavarez afirma que
“cremos que é o próprio Cristo que fala, quando na Liturgia, são lidas e
explicadas as Escrituras. E a homilia é a ação do seu Espírito.
Ele abre a comunidade para
compreender, saborear e aceitar a Palavra proclamada, perceber o sentido dos
acontecimentos à luz da Páscoa, renovar em ação de graças sua fé, retomar os
motivos de sua esperança e se comprometer com a fraternidade, a justiça e o
mandamento do amor.
Esta ação não se dá automaticamente.
É trabalho conjunto do Espírito e da comunidade celebrante.
Além de fazer a ligação entre os
textos bíblicos e a vida, é função da homilia abrir e conduzir a assembleia
para dentro do mistério da salvação, acontecendo no momento celebrativo. É sua
dimensão mistagógica nem sempre levada em conta em nossas celebrações.
E como fazer isto? Primeiramente,
evocando as ações libertadoras que Deus realizou e realiza por nós em Jesus.
Ele é o grande motivo da ação de graças que a comunidade faz a seguir na oração
eucarística. E, depois, despertando na assembleia a atitude de oferenda e
comunhão com Cristo ao Pai.
A pessoa responsável pela homilia é
normalmente quem preside, que poderá envolver outras pessoas e até toda a
assembleia na partilha da Palavra. É uma tarefa sagrada. Daí decorre sua
responsabilidade de preparar-se bem durante a semana.
Neste sentido, muito tem ajudado um
jeito antigo de ler a Bíblia, redescoberto e utilizado recentemente, por muitas
comunidades cristãs, a leitura orante, ou
lectio divina. Esse método consta de quatro momentos ou passos:
a) A leitura aprofundada e cuidadosa dos textos bíblicos
indicados, ou pelo menos do evangelho;
b) A meditação, ligando os textos bíblicos com nossa vida, com
a realidade que nos cerca;
c) A oração brotando desta meditação: “O que esta Palavra
nos leva a dizer a Deus?”;
d) A contemplação, momento de entrar em comunhão íntima,
deixando-nos conduzir pela ação amorosa do Senhor.
Para manter a dimensão orante, dialogal,
profética e mistagógica, três perguntas poderão orientar e facilitar a
participação da assembleia nesta conversa familiar, que é homilia:
a) Qual a boa notícia de
Deus para nós hoje?
b) Qual o apelo que Ele
nos faz?
c) Que resposta daremos a
esta Palavra na celebração e na vida?
O
silêncio torna-se indispensável no final da homilia. Assim a resposta à Palavra,
a ser dada pela comunidade, na celebração e na vida, ganhará autenticidade,
realizada primeiro no íntimo de cada pessoa, pela ação do Espírito”[3].
Ione Buyst afirma que “é preciso
fazer com que Cristo, o Senhor, possa falar ao coração e à mente de seu povo
reunido, dentro da realidade de sua vida cotidiana, de sua cultura, de sua
história.
Normalmente, a homilia é tarefa dos
padres; faz parte de seu ministério. Porém, todos nós sabemos que mais ou menos
70% das comunidades, que se reúnem aos domingos, não podem contar todos os
domingos com um ministro ordenado. Mas nem por isso as comunidades ficam sem
alguém que faça a partilha do pão indispensável da Palavra de Deus. Por toda
parte, o Espírito Santo foi suscitando e a Igreja foi organizando e preparando
ministros da Palavra de Deus, homens e mulheres da comunidade que se colocam à
disposição do Senhor e dos irmãos e irmãs. Entre outras tarefas, cabe-lhes
fazer a homilia.
Quem já fez homilia sabe que se
trata de uma tarefa nada fácil.
Qual a maior diferença entre homilia
e sermão? No sermão falava-se de qualquer assunto, não necessariamente ligado
com os textos sagrados. E também não fazia parte integrante da Liturgia:
interrompia-se a missa para fazer o sermão e o padre até tirava a casula para
subir ao púlpito e fazia o sinal da cruz no início e no fim. Então, o sermão
era como um corte no meio da missa, uma interpolação.
Somente na década de 1960, com a
renovação do Concílio Vaticano II, é que a homilia foi reintroduzida na prática
da Igreja. E assim, aos poucos, foi recuperando o lugar que jamais deveria ter
perdido.
Diz o Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Sagrada Liturgia (1963),
SC, n. 52:
·
A
homilia é parte da liturgia;
·
Expõe
os mistérios da fé e as normas de vida cristã, no decorrer do Ano Litúrgico;
·
Faz-se
sobre o texto sagrado;
·
Não
deve ser omitida sem grave causa nas missas de domingo e dias de guarda.
A Introdução ao Elenco das Leituras da Missa
(IELM, 1981) no n. 24, retoma estes dados e acrescenta mais um elemento
importante:
Cristo
está sempre presente e operante na pregação da Igreja.
Com isso, retoma um ensinamento do
papa Paulo VI em sua encíclica Mysterium
Fidei (1965), completando o texto da SC, n. 7 que fala da presença de
Cristo quando se leem as Sagradas Escrituras na comunidade reunida. Ou seja,
também na homilia, Cristo está presente e nos dá sua Palavra.
Portanto, a homilia é, juntamente
com toda a Liturgia, uma ação sacramental: pelas palavras humanas (ou, às
vezes, apesar delas!), Deus está presente, nos atinge com sua Palavra e nos
transforma”[4].
Luis Maldonado diz que “a homilia é
a pregação cristã que ocorre no âmbito de uma celebração litúrgica. São duas as
suas características: ser pregação e ser pregação litúrgica.
Como pregação deve corresponder às
características fundamentais desta tarefa pastoral básica na Igreja, que
podemos também denominar serviço à Palavra de Deus.
Como pregação litúrgica reunirá e
refletirá os traços e elementos essenciais de toda liturgia. Desta maneira, não
há de ser corpo estranho dentro da celebração, nela inserido apenas de modo
extrínseco, mais ou menos forçado, porém, enxertar-se-á harmoniosamente em seu
contexto como etapa mais de fluência ritual e como ingrediente perfeitamente
homogêneo dentro do conjunto do universo festivo celebrativo”[5].
Yone Buyst diz que a “a liturgia da
Palavra é memória de Jesus, diálogo da Aliança entre Deus e o seu povo em clima
orante, instrução do povo de Deus, confrontando textos bíblicos e vida pessoal
e social, exortação e animação para uma vida de acordo com o Evangelho de Jesus
e também intercessão para apressar a vinda do Reino de Deus em nossa realidade.
Cabe à presidência, sobretudo, a
responsabilidade pela homilia,
partilha da Palavra. É o momento da interpretação das leituras bíblicas ouvidas
(incluindo o salmo), relacionando-as com a vida e com a liturgia que estamos
celebrando. Ou seja, trata-se de fazer uma ‘leitura espiritual’ das escrituras
e da vida. Para muitos, a celebração dominical é a única escola, o único fórum
para tomar conhecimento dos valores cristãos, formar uma opinião sobre os
acontecimentos da vida pessoal, comunitária e social. Necessitamos de um espaço
onde possamos avaliar a opinião pública e confrontar as ideias divulgadas por
jornais, rádio e televisão. E a melhor maneira de fazer isso é aproveitar os
fatos do momento, comentados por todos, e abordá-los na homilia à luz das
sagradas escrituras.
Quem faz a homilia ou partilha da
Palavra não pode se esquivar dessa tarefa formativa da comunidade ante a
atualidade.
O homiliasta é um pedagogo na fé:
cria em nós a atitude espiritual própria de cada tempo e festa litúrgica, para
que possamos assimilar em nossa vida, em nossas atitudes, os vários mistérios
de Cristo; ajuda-nos a crescer espiritualmente para ‘que todos juntos nos
encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus, para
chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a
plenitude de Cristo’ (Ef 4,13).
A homilia poderá ser feita de forma
comunitária, como uma conversa, um diálogo, pois o Espírito Santo está presente
e fala à comunidade como um todo. Mas quem preside não pode deixar a conversa
correr solta: deve iniciar, conduzir a conversa, dar e retomar a palavra,
assegurar “o fio da meada”, garantir que o Senhor possa dizer sua Palavra à
comunidade reunida, ligar a liturgia da Palavra com a vida e com a liturgia
eucarística. É oportuno deixar um longo silêncio no final da homilia para que a
Palavra ouvida possa ecoar no fundo de nosso coração e dar frutos”[6].
Segundo
a CNBB: “é função da homilia atualizar a Palavra de Deus, fazendo a ligação da
Palavra escutada nas leituras com a vida e a celebração. É importante que se
procure mostrar a realização da Palavra de Deus na própria celebração da Ceia
do Senhor. A homilia procura despertar as atitudes de ação de graças, de
sacrifício, de conversão e de compromisso, que encontram sua densidade
sacramental máxima na Liturgia eucarística.
Os fiéis, congregados para formar
uma Igreja pascal, a celebrar a festa do Senhor presente no meio deles, esperam
muito dessa pregação e dela poderão tirar fruto abundante, contanto que ela
seja simples,
clara, direta e adaptada, profundamente aderente ao ensinamento
evangélico e fiel ao magistério da Igreja. Para isso é necessário que a homilia
seja bem preparada, relativamente curta e procure prender a atenção dos fiéis”[7].
A CNBB afirma que “a homilia é
também parte integrante da Liturgia da Palavra. Ela atualiza a Palavra de Deus,
de modo a interpelar a realidade da vida pessoal e comunitária, fazendo
perceber o sentido dos acontecimentos, à luz do plano de Deus, tendo como
referencial a pessoa, a vida, a missão e o mistério pascal de Jesus Cristo. A
explicação viva da Palavra de Deus motiva a assembleia a participar na oração de
louvor e na vivência da caridade, buscando realizar a ligação entre a Palavra
de Deus e a vida, com mensagem que brota dos textos em conjunto e em harmonia
entre si, atingindo a problemática do dia a dia da comunidade.
Quando oportuno, convém que a homilia
ou a partilha da Palavra desperte a participação ativa da assembleia, por meio
do diálogo, aclamações, gestos, refrães apropriados. Segundo as circunstâncias,
quem preside convida os presentes a dar depoimentos, contar fatos da vida,
expressar suas reflexões, sugerir aplicações concretas da Palavra de Deus.
Poderá haver troca de ideias em grupo, seguida de uma breve partilha comum e a
complementação de quem preside”[8].
Nosso querido Papa Francisco nos diz
assim: “Consideremos agora a pregação dentro da Liturgia, que requer uma séria
avaliação por parte dos Pastores. Deter-me-ei particularmente, e até com certa
meticulosidade, na homilia e sua preparação, porque são muitas as reclamações
relacionadas a este ministério importante, e não podemos fechar os olhos. A
homilia é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de
encontro de um Pastor com o seu povo. De fato, sabemos que os fiéis lhe dão
muita importância; e, muitas vezes, tanto eles como os próprios ministros
ordenados sofrem: uns a ouvir e outros a pregar. É triste que assim seja. A
homilia pode ser, realmente uma experiência intensa e feliz do Espírito, um
encontro consolador com a Palavra, uma fonte constante de renovação e
crescimento.
Renovemos a nossa confiança na
pregação, que se funda na convicção de que é Deus que deseja alcançar os outros
por meio do pregador e de que Ele mostra o seu poder pela palavra humana. São
Paulo fala vigorosamente sobre a necessidade de pregar, porque o Senhor quis
chegar aos outros por meio também da nossa palavra (cf. Rm 10, 14-17). Com a
palavra, Nosso Senhor conquistou o coração das pessoas. De todas as partes,
vinham para ouvi-Lo (cf. Mc 1,45). Ficavam maravilhados, ‘bebendo’ os seus
ensinamentos (cf. Mc 6,2). Sentiam que lhes falava como quem tem autoridade
(cf. Mc 1,27). E os Apóstolos, que Jesus estabelecera ‘para estarem com Ele e
para os enviar a pregar’ (Mc 3,14), atraíram para o seio da Igreja todos os
povos com a palavra (cf. Mc 16, 15.20).
Agora é oportuno recordar que ‘a
proclamação litúrgica da Palavra de Deus, principalmente no contexto da
assembleia eucarística, não é tanto um momento de meditação e de catequese,
como, sobretudo, o diálogo de Deus com o seu povo, no qual se proclamam as
maravilhas da salvação e se propõem continuamente as exigências da Aliança'. A
homilia possui um valor especial derivado do seu contexto eucarístico, que
supera toda a catequese por ser o momento mais alto do diálogo entre Deus e o
seu povo, antes da comunhão sacramental. A homilia é um retomar este diálogo
que já está estabelecido entre o Senhor e o seu povo. Aquele que prega deve
conhecer o coração da sua comunidade para identificar onde está vivo e ardente
o desejo de deus e também onde é que este diálogo de amor foi sufocado ou não
pôde dar fruto.
A homilia não pode ser um espetáculo
de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos midiáticos, mas deve dar
fervor e significado à celebração. É um gênero peculiar, já que se trata de uma
pregação no quadro de uma celebração litúrgica;
por conseguinte, deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência ou
uma lição. O pregador pode até ser capaz de manter vivo o interesse das pessoas
por uma hora, mas assim a sua palavra torna-se mais importante que a celebração
da fé. Se a homilia se prolonga demasiado, prejudica duas características da
celebração litúrgica: a harmonia entre as suas partes e o seu ritmo. Quando a
pregação se realiza no contexto da Liturgia, incorpora-se como parte da
oferenda que se entrega ao Pai e como mediação da graça que cristo derrama na
celebração. Este mesmo contexto exige que a pregação oriente a assembleia, e
também o pregador, para uma comunhão com Cristo na Eucaristia, que transforme a
vida. Isso requer que a palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para
que o Senhor brilhe mais que o ministro”[9].
Alguns lembretes para o momento de
fazer a homilia:
1) Lugar da homilia: na
cadeira da presidência (de pé ou sentado), ou na estante da Palavra (cf. IELM,
n. 26).
2) Duração: “Nem muito
longa e nem muito curta – e que se leve em consideração todos os presentes,
inclusive as crianças e o povo, de modo geral as pessoas simples”, diz a IELM,
n. 24.
3) Preparar bem os
equipamentos de som, saber falar bem, ter boa dicção.
4) Cuidar da postura,
movimentos, expressão corporal (na medida certa e na hora certa). Semblante
sereno; fazer transparecer a esperança.
5) Comunicação: passar um
bom conteúdo em pouco tempo. Dar uma palavra pessoal, que venha da própria
experiência ou da comunidade. Manter a dinâmica dialogal de encontro entre Deus
e a comunidade.
6) Pode ser interessante
usar o livro (Bíblia ou Lecionário) durante a homilia, referindo-se sempre às
leituras proclamadas.
7) Ser criativo/a. Usar
símbolos: dos textos bíblicos, da liturgia, da vida cotidiana da comunidade.
8) Assumir e incorporar as
surpresas: intervenção da comunidade,
fatos acontecidos na véspera, por exemplo.
9) No final, deixar um
momento de silêncio, para que a Palavra seja acolhida interiormente e se
prepare uma resposta, por meio da oração (cf. IELM, n. 28).
10) Outra possibilidade: antes
de iniciar a homilia propriamente dita, deixar um momento para que os
participantes repitam uma ou outra frase dos textos bíblicos que os marcou
durante a proclamação.
11) De vez em quando,
pensar num breve refrão meditativo, relacionado com a homilia; repeti-lo várias
vezes no final da homilia”[10].
Questões
para reflexão pessoal ou em grupos
1) O que mais chamou
atenção na leitura do texto? Explique.
2) O que é a Partilha da
Palavra – Homilia? Como ela está sendo realizada na comunidade?
3) Como melhorar a formação
dos homiliastas e ministros da Palavra?
Bibliografia
BUYST,
Ione. A Palavra de Deus na liturgia.
3.ed. São Paulo: Paulinas, 2002.
BUYST,
Ione. Homilia, partilha da Palavra.
São Paulo: Paulinas, 2001.
BUYST, Ione. Presidir a celebração do dia do Senhor. São Paulo: Paulinas, 2004.
CNBB.
Animação da Vida Litúrgica no Brasil – elementos
de Pastoral Litúrgica. 16.ed. São Paulo: Paulinas, 2001.
CNBB.
Liturgia em Mutirão – subsídios para
a formação. Brasília: Edições CNBB, 2007.
CNBB.
Orientações para a Celebração da Palavra
de Deus. 9.ed. São Paulo: Paulinas, 1999.
FRANCISCO. Evangelii Gaudium – A Alegria
do Evangelho: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. 5.ed. São Paulo:
Paulus, Edições Loyola, 2015.
MALDONADO, Luis. A Homilia – pregação, liturgia, comunidade. 2.ed. São Paulo: Paulus,
2002.
* Mestre em Teologia Sistemática pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/9125123556567955. Correio eletrônico:
sbardelottiemerson@gmail.com. Autor de Espiritualidade
da Libertação Juvenil. São Leopoldo: CEBI, 2015.
[1] CNBB. Liturgia em Mutirão – subsídios para a formação. Brasília: Edições
CNBB, 2007, p. 113-114.
[2] BUYST, Ione. A Palavra de Deus na liturgia. 3.ed. São Paulo: Paulinas, 2002, p.
37-38.
[3] CNBB. Liturgia em Mutirão – subsídios para a formação. Brasília: Edições
CNBB, 2007, p. 115-116.
[4] BUYST, Ione. Homilia, partilha da Palavra. São Paulo: Paulinas, 2001, p. 5-11.
[5] MALDONADO, Luis. A Homilia – pregação, liturgia, comunidade. 2.ed. São Paulo: Paulus,
2002, p. 6.
[6] BUYST, Ione. Presidir a celebração do dia do Senhor. São Paulo: Paulinas, 2004,
p. 42-45.
[7] CNBB. Animação da Vida Litúrgica no Brasil – elementos de Pastoral
Litúrgica. 16.ed. São Paulo: Paulinas, 2001, p. 96-97.
[8] CNBB. Orientações para a Celebração da Palavra de Deus. 9.ed. São Paulo:
Paulinas, 1999, p. 34-35.
[9] FRANCISCO. Evangelii Gaudium – A Alegria
do Evangelho: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. 5.ed. São Paulo:
Paulus, Edições Loyola, 2015, p. 84-86.
[10] BUYST, Ione. Homilia, partilha da Palavra. São Paulo: Paulinas, 2001, p. 44-47.
Arte-Vida de Luís Henrique (MG).