quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

"ONDE ESTÁ O REI DOS JUDEUS RECÉM-NASCIDO?"

ICJ/ES - INSTITUTO CAPIXABA DE JUVENTUDE / ESTADO DO ESPÍRITO SANTO


NOSSA ESPIRITUALIDADE BÍBLICO-LITÚRGICA
EPIFANIA DO SENHOR – 04.01.2009
“ONDE ESTÁ O REI DOS JUDEUS RECÉM-NASCIDO?”




“Nasceu um menino mais pobrezinho que o de Belém...Não vieram os reis magos, nem veio ninguém...A estrela, quem dera, guiasse o caminho daquele menino como o de Belém!” Reginaldo Veloso (Cd Vida, o Sonho de Deus – Paulus, 2000).

Para início de conversa

A Bíblia nasceu do chão da vida do Povo de Deus, povo este que experimentou Deus em sua história: vida de lutas, vitórias e derrotas. Essas experiências foram contadas, recontadas, cantadas e rezadas. O Evangelho de Mateus (Ano B) nasceu no cotidiano das comunidades espalhadas pelo norte da Galiléia e Síria (talvez, Antioquia) durante a década de 80-90 da Era Comum (E.C.). O autor deste Evangelho deve ter sido um judeu helenista, que cita o Primeiro Testamento (PT), os LXX, e ou fruto de um grande mutirão de autores e autoras; não é possível saber quem foi o redator final dessas experiências, mas o que se pode ser notado é que se trata o Evangelho de comunidades constituídas basicamente de judeus cristãos. Brotou da experiência que os primeiros cristãos fizeram de Jesus vivo, morto e ressuscitado, compreendido à luz do Primeiro Testamento, frente a seus conflitos, medos e esperanças. A base do Evangelho é a missão de Jesus: semear o Reino de Deus entre os seres humanos. As comunidades do norte da Galiléia e Síria eram constituídas de pessoas pobres e exploradas, com a presença marcante de judeus, pois há em todo o Evangelho a importância de mostrar a Lei e em citar o Primeiro Testamento; judeus com mentalidade helenista, isto é, judeus que não estavam presos à Lei e ao Templo, que havia sido destruído por Tito no ano 70 E.C..O Evangelho se preocupa com os estrangeiros e a sua missão dentro e fora da comunidade.

Contextualizando a vida com o Evangelho do Dia do Senhor – Mt 2,1-12

A Festa da Epifania é a retomada do Natal de Jesus celebrando a sua humanidade manifestada a todos os povos, e não apenas ao povo judeu. É o Verbo de Deus presente em todas as pessoas, pastorais, movimentos e grupos que lutam para vencer o racismo e todo tipo de discriminação. É a manifestação de Deus a todos os povos espalhados pelo planeta.
O episódio de hoje está centrado no tema da realeza. De um lado, Herodes, chamado o Grande (37 – 4 a.E.C.), rei da Judéia, um rei estrangeiro, idumeu, amigo nomeado e protegido pelo Senado romano, visto como ilegítimo por parte da população, está cercado dos chefes religiosos de Jerusalém. Herodes e a cidade inteira se agitam com o anúncio de um novo rei. Do outro lado está um recém-nascido, cujas raízes se fincam no poder popular, é o herdeiro do pastoreio de Davi (que começou sua campanha político-militar junto aos descontentes com o reinado de Saul), potencialmente o sucessor legítimo. A salvação não vem de Jerusalém, mas de Belém conforme os textos bíblicos: Mq 5,1 e 2Sm 5,2. Belém era uma aldeia a oito quilômetros ao sul de Jerusalém; dela sairá o pastor que apascentará e defenderá o povo (ovelhas) da ganância e da arrogância dos exploradores (lobos). Para Herodes, Jesus é um rival perigoso e deve ser eliminado.
Pode-se notar que já se desenrola todo o drama da vida de Jesus e de sua missão: os judeus o rejeitam e os pagãos o adoram.
Para indicar o nascimento do menino, o Evangelho fala de uma estrela. Os orientais costumavam dizer que uma estrela especial surgia quando nascia alguém muito importante, especial. Essa presença de Deus conosco – o Emanuel – é ameaça para uns e esperança para outros.
Os magos do oriente, ou astrólogos (astronomia e astrologia não estavam separadas), são conhecedores das tradições e das predições judaicas a respeito do Messias – mashiâh – ungido – acorrem a render homenagem ao presumido herdeiro, tratando-o com o título de “REI DOS JUDEUS”, o mesmo título dado por Pôncio Pilatos a Jesus na cruz. Os magos reconhecem o astro que seguem. Simbolizam as diversas nações, que buscam o Messias. Se dirigem a Jerusalém, centro político-econômico e religioso da Palestina, para pedirem informações, pois, querem homenageá-lo. Ao se colocarem frente à frente, com o testa de ferro de Roma, o império que oprime e marginaliza o povo; Herodes e toda sua corte entram em pânico com a inesperada homenagem ao rei recém-nascido. Os saduceus, fariseus e escribas são convocados para que verifiquem as Escrituras Sagradas e o pavor do rei ilegítimo aumenta. O nascimento deste menino é uma ameaça ao poder instituído e opressor. As comunidades do Evangelho vivem a experiência concreta da perseguição e da exclusão.
Render homenagem para os astrólogos orientais tem o sentido de reconhecer no outro sua dignidade superior; ao contrário de Herodes, em que a expressão é apenas uma ironia perversa, a fim de despistar os visitantes. Eles partem do palácio da morte e chegam à casa e encontram o menino e sua mãe. São guiados por uma estrela, que salienta as intuições mais puras e os anseios mais profundos de qualquer ser humano: paz, justiça, igualdade e fraternidade. Entram na casa (de José), não numa gruta usada como dormitório, não há no texto menção a presença de José. É comum na tradição bíblica, que a mãe do rei ou do herdeiro tenha um papel preponderante. Essa imagem, da mãe com o menino será favorita entre a iconografia cristã. Eles entendem que a salvação vem por meio do pequeno da periferia de Jerusalém. São os primeiros a perceberem isso. O único desejo: adorar este novo poder que nasce do pobre. A alegria que sentem é testemunha de uma longa tradição no Primeiro Testamento.
Os dons ofertados: ouro, incenso e mirra; o que havia de melhor em seus países de origem. Esses dons simbolizam a realeza (ouro), a divindade (incenso) e a paixão (mirra). Estes magos, são símbolos daqueles que aceitam o poder de Deus manifestado em um recém-nascido – Ieshua. O nome Jesus, como se sabe, é simplesmente uma forma latina do nome grego Iesous. Este por sua vez não é originariamente um nome grego, mas a forma grega de um nome hebraico Yehoshua (o Yoshua bíblico) que significa o nome impronunciável de Deus – YHWH. Daí a tradição dar o significado de “YHWH é Salvação ou Deus Salva”. O nome Ieshua é formado de duas partes. A primeira Ye, é a forma abreviada do nome próprio impronunciável hebraico de Deus – YHWH. A segunda, shua, é palavra hebraica que significa amplidão, abertura, salvação; significa então o contrário de estar num aperto, estar em dificuldade; significa estar livre num amplo espaço aberto. O nome Ieshua significa portanto, YHWH é salvação-saúde, a afirmação de que YHWH é a fonte de toda inteireza para os seres humanos, para todas as coisas. Os magos reconhecem tudo isto e se doam ao serviço do Salvador, prostram-se, em seguida põem à disposição do Salvador o melhor do que possuem.
Os presentes trazidos pelos magos expressam seu reconhecimento. Estão na frente do Messias prometido às nações, o pegaram no colo, sorriram, se emocionaram, fizeram orações, cantaram. Sabem que este rei menino será justo e misericordioso, que morrerá por sua prática em favor da vida e será ressuscitado por Deus, e será reconhecido como Filho de Deus.
Não voltam a se encontrar com Herodes, pois, sabem, sentem em seus corações, que o idumeu, em sua ambição e sede de poder procura ardilosamente exterminar a esperança do povo, do mesmo jeito que Saul pretendera fazer com Davi no Primeiro Testamento.
O caminho da salvação no Segundo Testamento (ST), não passa por Jerusalém e não tem nada a ver com Herodes ou com sua corte ou ainda com os dominadores da capital. Os magos voltam por outro caminho, aquele caminho que o discernimento lhes indicou. O sonho que tiveram é a inspiração de que todo poder que oprime impede o nascimento de tudo o que é bom para a vida em comunidade e em sociedade. Ao se desviarem de Herodes, os astrólogos orientais abriram uma nova janela e deixaram uma lição para todos nós: Sonhar um outro mundo novo é possível e é melhor.

A Festa da Epifania do Senhor é a revelação da bondade do Deus que deseja salvar a todos e por isso se faz ser humano. Faço memória de uma frase linda do querido Leonardo Boff, numa assessoria para a Pastoral da Juventude no final da década de 1980, ele dizia: “Deus era tão humano, se fez tão humano, e por ser humano, só poderia ser Deus mesmo...”. Passado tantos anos, começo a entender que o Ieshua de Nazaré, de Belém de Judá, da Nossa América, de Belém do Pará (onde ocorrerá a próxima edição do Fórum Social Mundial), deste Brasil, ainda católico, ainda sofrido, ainda marginalizado, ainda castigado pelo desinteresse político e pelos desmandos contra a vida, só é salvação se a comunidade se posicionar e se decidir a favor desta salvação que é oferecida gratuitamente, que é oferecida sem pedir nada em troca. O Herodes de hoje em dia, ainda persegue e mata, ainda alimenta a sociedade com corrupção e violência, não consegue saciar sua sede e fome de poder, e para se manter em seu trono, o Grande, usa toda a politicagem que está à sua disposição, sem se importar com a dignidade humana, chegando ao ponto de exterminar toda e qualquer forma de vida.
A Festa da Epifania é a chance que nós cristãos temos, para discernir o projeto de vida que pensamos para este novo ano que se inicia. É a chance que temos para abraçar a salvação que bate à porta. É a chance que temos para sermos seres humanos novos e possíveis...sonhadores e felizes.

Emerson Sbardelotti

Autor de O MISTÉRIO E O SOPRO – roteiros para acampamentos juvenis e reuniões de grupos de jovens. Brasília: CPP, 2005.
Autor de UTOPIA POÉTICA. São Leopoldo: CEBI, 2007.
Membro do Grupo de Assessores da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.

Msn: emersonpjbes@hotmail.com
Blog: http://omisterioeautopia.blogspot.com/


Ilustração de Maximino Cerezo Barredo (http://servicioskoinonia.org/cerezo/)

sábado, 13 de dezembro de 2008

VOU FAZER UMA ORAÇÃO

VOU FAZER UMA ORAÇÃO

vou fazer uma oração
pedindo paz e proteção
para todos os seres humanos
para todos os dias do novo ano

vou fazer uma oração
para quem perdeu tudo
perdeu casa, perdeu amores
tudo que era bom e profundo

vou fazer uma oração
pensando no futuro de nossa gente
no presente desta semente
jogada neste chão

no chão da vida nasce o povo de Deus
no Deus da vida nasce o povo dos céus

vou fazer uma oração
pedindo força e harmonia
para quem chorou,
para quem deseja sabedoria

vou fazer uma oração
no momento da despedida
no carinho do abraço
no sorriso da menina

vou fazer uma oração
para consolidar a nossa amizade
para bendizer toda a juventude
caminho de fraternura e verdade

Emerson Sbardelotti
13 de dezembro de 2008
14:08
*direitos reservados*

e depois de uma hora o cantador Lula Barbosa fez uma música linda para esta minha humilde poesia...e o poema ficou assim:

VOU FAZER UMA ORAÇÃO
Letra: Emerson Sbardelotti
Música: Lula Barbosa

vou fazer uma oração
pedindo paz e proteção
para todos os seres humanos
todos os dias do novo ano

vou fazer uma oração
para quem perdeu tudo
perdeu casa, perdeu amores
tudo que era bom e profundo

vou fazer uma oração
pensando no futuro de nossa gente
no presente desta semente
jogada neste chão

no chão da vida nasce o povo de Deus
no Deus da vida nasce o povo dos céus

vou fazer uma oração
pedindo força e harmonia
para quem chorou,
pra quem deseja sabedoria

eu vou fazer uma oração
no momento da despedida
no carinho do abraço
no sorriso da menina

vou fazer uma oração
pra consolidar a nossa amizade
para bendizer toda a juventude
caminho de fraternura e verdade

ouça a música, a voz e o violão de Lula Barbosa neste link
http://www.mp3tube.net/musics/Letra-Emerson-Sbardelotti-Musica-Lula-Barbosa-Vou-fazer-uma-oracao/246863/

abraços musicais
Emerson Sbardelotti


VOY A HACER UNA ORACIÓN
(Emerson Sbardelotti / Lula Barbosa - tradução para o espanhol de Fernando Rubi - Santiago, Chile)

voy a hacer una oración
pidiendo paz y protección
para todos los seres humanos
todos los días del nuevo año

voy a hacer una oración
para quien perdió todo
perdió casa, perdió amores
todo lo que era bueno y profundo

voy a hacer una oración
pensando en el futuro de nuestra gente
en el presente de esta semilla
jugada en este suelo

en el suelo de la vida nace el pueblo de Dios
en el Dios de la vida nace el pueblo de los cielos

voy a hacer una oración
pidiendo fuerza y armonía
para quien lloró
para quien desea sabiduría

yo voy a hacer una oración
en el momento de la despedida
en el cariño del abrazo
en la sonrisa de la niña

voy a hacer una oración
para consolidar nuestra amistad
para bendecir toda la juventud
camino de fraternidad y verdad

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

ALMA POÉTICA

ALMA POÉTICA
o que dizer de uma alma poética
apenas pensar e sentir
apenas olhar para seus olhos
sentir o desejo e sorrir
o que dizer de uma alma poética
quando o amor está em todo lugar
o que dizer de um amor
quando a poesia está na alma a brilhar
você me abraça e eu vôo para fora do mundo
você me espera e sinto todo o encanto
de ser apenas um poeta lhe escrevendo
palavras simples e diretas...sinceras
o que dizer para uma alma poética
que insiste em viver seus dias
como se fossem os primeiros
há tempo para se chegar ao final
o que dizer para uma alma poética
quando o beijo principal é aquele da testa
o que dizer para um beijo
quando a alma é apenas o que é...singela
Emerson Sbardelotti
13 de dezembro de 2008
02:07
*direitos reservados*